Ainda devo o final da viagem italiana e algo sobre minha visita a Viena, mas é preciso aproveitar o momento para escrever, e a inspiração agora
não poderia ser outra.
Tem
o Reno, belo e grandioso. Tem a chuva, chata e constante. Tem o Glühwein,
quente e saboroso. Tem a Kölsch, suave e maçante.
E
tem os perfumes também, para quem liga para isso...
Colônia
não é uma cidade particularmente interessante do ponto de vista turístico. Não
possui o charme de Munique ou a concentração de história de Berlim. Para morar,
entretanto, é uma cidade bem
interessante. É a quarta mais populosa da Alemanha, com um milhão de
habitantes, e é o centro da maior zona metropolitana alemã, com várias outras
cidades importantes por perto (Düsseldorf, Dortmund, Essen...) e outras
menores, mas com certo apelo turístico (Koblenz, Aachen, Bonn...). Assim, tanto
a cidade tem uma infinidade de coisas para se fazer, quanto é fácil fazer bates
e voltas pelas redondezas.
A
cidade é considerada pelos próprios alemães como uma das mais cosmopolitas do
país. Há gente de todos os lugares, e estão mais integradas à sociedade do que
em algumas outras regiões. Por consequência, você pode pegar uma lista de
nações, tirar um país na sorte, e sem dúvida vai achar um ou mais
restaurantes/bares temáticos. Também é a "capital gay" da Alemanha, a
cidade com o Carnaval mais insano, e com o transporte público mais zoado (o que
significa que todo dia tem uma ou outra linha de trem que atrasa cinco ou dez
minutos - e os alemão pira!). Em resumo, a palavra-chave para definir a cidade
é "diversidade".
Como
o curso de línguas teve a ver com praticamente tudo o que vi e conheci por
aqui, seja através dos amigos feitos ou das atividades de lazer, nada melhor do
que começar falando da rotina ali.
Alemão in situ
Por
causa de problemas de última hora com datas, em vez de ir para o Instituto
Goethe em Mannheim, caí na Colônia Brasileira em Colônia, ou, melhor dizendo,
Carl Duisberg Center (ou só "CDC"). Isso porque metade (ou mais) dos
alunos quando cheguei era composta por brasileiros. Mais de sessenta graduandos
do Ciências sem Fronteiras estudando, gritando e se atrasando. Impossível se
sentir muito deslocado e, gostem ou não, a massiva presença brasileira tornava
o lugar mais alegre. Em fins de fevereiro todos se foram, ficando de brazucas
apenas eu e mais dois amigos do doutorado, e o CDC ficou parecendo um bunker
após o fim da guerra.
E
as aulas? Quatro horas e quinze minutos por dia, cinco dias por semana. Mais o
tempo de estudo por conta própria, geralmente uma ou duas horas por dia. Some
também a prática diária da língua, em qualquer lugar que você vai. Se isso não
é intensivo, eu não sei o que é. Logicamente, depois de quatro meses só fazendo
isso da vida, qualquer um sai falando Alemão melhor que um vocalista de banda
da Oktoberfest, né?
De
jeito nenhum. Em bom Português: ô lingua errada da porra! Sabe quando você
aprende inglês e pergunta para o professor se existem regras claras sobre
pronúncia, e ele diz "é o caos, só se aprende na marra mesmo". Então,
isso resume 90% do Alemão. O uso de artigos segue regras tão bem definidas
quanto as do truco. Os verbos são mais irregulares que licitação no Brasil. E
as tabelas com as declinações - Jesus, as declinações! - são tão aleatórias
quanto uma cartela de bingo. Isso é uma mesa. Você coloca
algo sobre a mesa. Mas a coisa fica sobre o mesa. E cada
bendita preposição que você usa leva uma declinação. Então, se você achava
difícil usar "in", "at" ou "by" em inglês,
imagine lembrar de tudo isso E se o diabo do lugar/objeto/pessoa é
masculino/feminino/neutro e se você tem que usar o
nominativo/acusativo/dativo/genitivo. Ao mesmo tempo. Enquanto fala. Com uma
arma na cabeça.
Minha
parte preferida (ou não) após os artigos é a posição dos verbos. Eles
"normalmente" devem vir na segunda posição, como os Deuses da Lógica
gostariam desde o início dos tempos. Eu bebo Coca-cola. Eu gosto de
cachorrinhos. The book is on the table. Nice to meet you! Mas toda vez que você
usa um verbo auxiliar (como "quero", "preciso",
posso") ou uma frase que depende de outra (como "eu gosto de
cachorrinhos, porque eles são fofos") o verbo vai para a posição
que faz mais sentido: a última, óbvio. Então "eu quero uma pizza gigante
com quatro sabores bastante queijo molho de tomate com pedaços borda de
catupiry azeitonas verdes e não pretas... pedir". Se você tivesse pedido
lá no começo da frase, a pizza já teria chegado. Falando do passado, a mesma
coisa: "eu ontem durante a tarde junto com minha irmã meus cachorrinhos
fofos e peludos nas suas camas quentinhas com um travesseiro macio e branco
alegremente... sufoquei". Claro, contexto é tudo, e nenhum alemão parece
desnorteado com isso (ou usa tantas palavras no meio da frase), mas para
ouvidos estrangeiros é esquisito pra cacete.
Após
alguns choques iniciais, o primeiro passo para melhorar o aprendizado é parar
de perguntar "porquê". Línguas não são feitas para fazerem sentido. São
construções históricas e não seguem regras claras feitas por um acadêmico
metido a espero. Claro, vale perguntar para saber quais as regras gramaticais
em jogo, se elas são simples o bastante para serem úteis. Para mim, ao menos, é
importante entender as regras e a estruturação da língua para usá-la, outros já
preferem aprender só por prática e repetição (o que é perfeitamente possível).
Mas não tente descobrir porque um bárbaro germânico decidiu que, ao fazer
algo com alguma coisa, todos os artigos permanecem os mesmos... MENOS o
singular masculino. Porque isto é uma gata e eu alimento a gata,
mas é claro que isso é um cachorro e eu alimento os cachorro.
Lógico.
Mas,
assim como todas as línguas tem suas ilogicidades e complexidades, todas tem
suas partes simples. E eu vou dizer algo que vai arrepiar qualquer um que tenha
ouvido um alemão sorridente falar "oi, como vai?" e achar que
ele estava xingando a mãe: a pronúncia
alemã é fácil. Quero dizer, ao menos ela faz sentido, pois é uma língua muito
fonética. Se você souber como soa cada letra (e cada ditongo, encontro
consonantal, vocal com consoante...), pode ler qualquer palavra com razoável
precisão. Inclusive aquelas monstruosidades que te fazem pensar como um alemão
pode usar alinhamento justificado no Word (o que não é nada demais, pois o que
eles fazem é simplesmente juntar palavras, ignorando os espaços e usando uma
palavra para "linha de produção automatizada de carros populares amarelos
de baixo custo com dois assentos "). Algumas pessoas sofrem bastante,
particularmente aquelas que falam inglês como língua nativa, pois há muitas
palavras parecidas e é tentador pronunciar do mesmo modo. Mas, para nós
brasileiros, é até mais fácil que inglês. A minha impressão é de que não tem
tantos sons estranhos e difíceis para nós, como os "there" e
"thing" da vida, e aqueles diferentes geralmente podem ser resolvidos
com um biquinho ou limpando o catarro da garganta.
Após
quatro meses, então, tudo o que posso dizer é que consigo ler e escrever
razoavelmente, se tiver um dicionário por perto (pois um bom vocabulário ainda é
um sonho distante), falar trupicantemente se necessário, e ouvir o bastante
para dizer "uhn?" com uma cara de idiota, fazendo a outra pessoa
mudar automaticamente para o inglês. O bastante para viver o dia a dia, não o
suficiente para impressionar uma alemãzinha com um papo inteligente.
Vida de colono
No
primeiro mês eu fui alocado em uma casa no fim do mundo, de onde levava 50-70
minutos para chegar no CDC e no centro da cidade, com dois bondes, um ônibus e
alguma caminhada. Isso limitou bastante minhas andanças, mas, logo após minha
viagem à Itália na virada do ano, consegui mudar para um local mais próximo (os
20-30 minutos pareciam teletransporte para mim). Como bônus, em vez de uma casa
de família como a outra, era um pequeno apartamento em um prédio separado que
eu dividi com apenas mais um colega egípcio de CDC. Se, por um lado, estar
confortável em casa me faz botar menos o nariz na rua, por outro é essencial
para meu bom humor e sanidade.
Estabeleci
então uma rotina consistente. Na maioria das vezes, saía do curso às 13:00 e ia
direto para casa cozinhar. Essa é uma diferença que o turista geralmente não
nota: alemão não costuma almoçar pra valer durante a semana. Para eles, o
normal é comer algum lanche ou prato rápido e seguir na atividade, deixando a
refeição mais substanciosa e variada para a noite. Refeições "de
verdade" em restaurantes costumam ser caras. Então foi rápido cansar das
poucas opções próximas ao CDC. Por outro lado, qualquer supermercado é um
deleite, cheio de comidas que são caras e especiais para nós, mas perfeitamente
normais para eles. A maioria das coisas você pode encontrar em um Angeloni da
vida no Brasil, mas com pouca variedade e preços nas alturas. Então, para mim,
foi uma festa de presunto cru, queijos fortes, cogumelos frescos, salsichas,
peixes defumados/em conserva... Galera de Blumenau: sim, você encontra Rollmops
no mercado. Mas é enrolado em pepino e nem de perto tão azedo. Um alemão
contemporâneo faria a mesma careta do seu colega paulista ao provar a mortífera
especialidade do Vale.
Apesar
do "default" ter sido ir do CDC para casa, fazer os deveres do curso
e jogar computador, pelo menos algumas vezes por semana eu ficava pelo centro,
fosse para almoçar com os amigos, dar uma volta para visitar algum lugar ou
comprar algo. Ou voltava para casa e saía de noite. Daí era preciso ter coragem
e enfrentar o adversário diário do Inverno: o clima.
A
região de Colônia não é fria, para os padrões alemães. A topografia tem muito a
ver com isso, pois é mais frio, por exemplo, na Bavária, que fica mais ao Sul.
Isso significa que, durante o inverno, tivemos três ou quatro ocasiões em que
nevou o bastante para deixar o chão e os tetos brancos. A neve realmente deixa
o lugar bonito e atrapalha mais quem anda de carro (embora, em uma ocasião, eu
tenha levado o proverbial tombo de bunda no meio da rua, ao escorregar em
gelo). Chuva, por outro lado, é arroz de festa, aparece o tempo todo. Mas é
muito diferente do Brasil. Só uma vez caiu um toró de verdade, e nada daquelas
chuvas pesadas de dias do inverno sulista. A chuva é leve e raramente exige um
guarda chuva (se você estiver com uma roupa pesada de frio, lógico).
A
coisa mais chata é o céu constantemente nublado. No alto inverno, podem-se
passar dias antes de você encontrar um espacinho entre as nuvens para te
lembrar que o céu é azul. Às vezes o tempo abre, mas isso significa que o frio
será pesado. Nada de esquentar ao sol, o negócio é ficar dentro de um lugar
aquecido olhando o mundo pela janela. Durante o inverno, o normal é a
temperatura ficar entre zero e quatro graus, com uma sensação térmica uns dois
ou três graus menor (mas que os deuses tenham piedade de sua alma se
ventar). Justiça seja feita, a gente
passa mais frio no Brasil, pois os interiores não estão preparados para isso.
Aqui você não precisa enfrentar todo o dia o dilema ético entre abandonar o
abrigo de três cobertores de manhã ou ignorar o mundo que existe além da ponta
de seu nariz gelado.
O
clima realmente diminui a vontade de sair de casa, mas quem vive aqui não pode
ficar preso a isso, senão não faz nada. É botar a bunda na rua e fazer a dança
do tira-bota-casaco o tempo todo. No final, acabou sendo muito menos pior do
que eu imaginava. Do mesmo modo que a escuridão do inverno: assusta em dezembro
e janeiro ter um dia que acaba às quatro e meia da tarde, mas isso muda com uma
rapidez impressionante: em março você já tem dias se estendendo até sete e meia
(oito e meia, quando entra o horário de verão no fim do mês). No verão, a noite
só chega depois das dez. Fico curioso para saber se no outono a diminuição será
também tão veloz.
Uma
coisa interessante do CDC (e que também existe em outras escolas de idiomas) é
a existência de um programa de atividades de lazer. Praticamente todos os dias
tinha alguma coisa para ser feita fora do horário de aula. Atividades para
todos os gostos, como visitar museus, jogar futebol ou Lasertag (um Paintball
menos doído). Nas sextas à noite, saídas para bares ou cervejarias. Em Colônia
os estabelecimentos típicos são chamados "Brauhaus", cervejarias de
aspecto rústico que servem comida alemã e cerveja. Algumas mais polidas, outras
bem estilo taverna. Logicamente, essa era a atividade que eu mais frequentava,
pois, além de gostar da comida e da cerveja, curto bastante o clima desses
lugares. Mas existe um pequeno problema: a cerveja.
"Problema
com cerveja? Na Alemanha??". Calma, calma, amiguinhos, deixem-me explicar.
Colônia tem um orgulho grande de sua cultura regional, que possui até um
dialeto próprio (o Kölsch, tão bizarro que mesmo os cardápios para os alemães
tem que ser bilíngues). Isso inclui também um tipo de cerveja típica, a Kölsch
(sim, aquela mesma da Einsenbahn). É uma cerveja amarela, pouco amarga e bem
leve para os padrões alemães, tomada sempre fresca em copos pequenos de 200 ou
300ml. Não meu tipo favorito, mas boa mesmo assim (prefiro mais a escura
Altbier, da rival Düsseldorf, mas nunca fale isso em voz alta em Colônia!). O
problema é: ela está por toda a parte. Difícil entrar em um bar ou restaurante
que tenha outras opções, que não passam de uma Pilsen ou cerveja de trigo (de
garrafa, não do barril). Os sonhos maravilhosos de balcões repletos de
torneiras com cervejas de todas as cores e gostos não se tornam realidade em
Colônia, a não ser que você procure um lugar especial ou um pub
inglês/irlandês/belga. Nenhum problema para o turista ocasional, mas para o
morador que quer provar todos os tipos e marcas possíveis, o supermercado é
melhor.
Comida,
por outro lado, não é problema. O aspecto cosmopolita da cidade se estende aos
restaurantes. Então, além da culinária alemã (que eu adoro), você encontra restaurantes da
nacionalidade que quiser. Incluindo um espeto corrido brasileiro que, se não
tinha a diversidade de carnes de um original, compensava pela abundância de
picanha (sem piadas como "minha picanha na tua abundância", por
favor).
O
dia a dia já seria novidade o bastante para mim, mas eu preciso mencionar destaques
nesses meses. O primeiro não é exclusividade de Colônia, mas algo bem típico na
Alemanha: os mercados de natal ("Weihnachtsmärkte", saúde!). Durante
todo mês de dezembro, as praças das cidades são tomadas por barracas de comida
e badulaques natalinos, com toda a decoração tradicional. Até as cidades
pequenas tem os seus, e nas maiores, como Colônia, existem vários. Neles é
possível provar o Glühwein, que nada mais é do que um quentão alemão, mas que
desce que é uma beleza no inverno. O clima da cidade fica muito feliz e gostoso
nessa época, pois os moradores realmente curtem os mercados (não é só
"para turista ver"), e todo dia você os encontra movimentados. Em um
mundo de pseudo-almoços à base de Currywurst e tranqueiras de padaria, uma
passada nos mercados sempre é uma boa opção.
O
outro é bem particular daquela zona do vale do Reno: o carnaval. Teoricamente o
período de carnaval se inicia às 11:11 de 11/11, mas a comemoração para valer é
em fevereiro, como no Brasil. Oficialmente só a segunda-feira é feriado, mas
horários de aula e trabalho costumam ser modificados na sexta e/ou quinta, para
as pessoas poderem sair às ruas, encher a cara enlouquecidamente e (na segunda)
ver desfiles de carros alegóricos. Basicamente é como no Brasil, mas com
músicas de Oktoberfest e com roupas. Ou melhor, fantasias. Estar fantasiado é
requisito quase obrigatório para festar, quem não tem pelo menos um chapéu
engraçado ou um nariz de palhaço é o "anormal". Infelizmente, eu
fiquei por lá apenas na metade do primeiro dia, pois, como um bom senhor de
idade, aproveitei o feriadão de quatro dias para ir ver museu em Viena (cidade
fantástica!). Mas deu para perceber que é caótico e divertido. E desafio
qualquer um a ouvir o "hino" do carnaval algumas vezes e não ficar
com esse treco grudado na cabeça!
Turismo colonial
Se
minha passagem por Colônia tivesse sido nas minha viagens turísticas, quando
tempo eu teria ficado por lá? Um dia, apenas (dois se fosse visitar o bom
zoológico, claro). Seria perfeitamente possível chegar de manhã na estação
central, visitar caminhando os principais pontos de interesse que ali se
concentram, e ir embora no fim da tarde. Colônia possui, na verdade, uma das
histórias mais longas e ricas da Alemanha. Desde que os romanos estabeleceram
ali uma das suas fortalezas - logo transformada em cidade - na disputada
fronteira germânica do Reno, Colônia é um dos principais centros da região. O
problema é que os restos romanos foram quase totalmente apagados pelas etapas
subsequentes. A enorme muralha medieval que cercava a cidade também foi
desmantelada há tempos, ficando apenas uma coleção de grandiosos portões
espalhados pelas praças. Mas o principal fator anti-turismo é o pesado
bombardeio que a cidade sofreu durante a Segunda Guerra. A cidade foi devastada
e, ao contrário de outras que sofreram com o mesmo destino, as construções
antigas não foram reconstruídas fielmente. Para reerguer a potência econômica,
foram levantados prédios sóbrios e sem muita graça. Assim, você não encontra um
centro ou ruas históricas bem definidas, apenas alguns sortudos sobreviventes em
meio à paisagem insossa.
Mas
um desses sobreviventes por si só justifica uma visita, e atrai turistas como
uma lâmpada para insetos: a catedral ("der Kölner Dom"). Basta você
sair da estação central para ela lhe dar um soco nos olhos, logo ali do lado. A
massiva fachada com duas torres é absurdamente massacrante (é a terceira igreja
mais alta do mundo, atrás de uma construção moderna na Costa do Marfim e da
catedral de Ulm, que só possui uma torre). Ao contrário de outras catedrais góticas
limpinhas que já vi, o Dom possui um exterior "sujo" e escurecido,
dando um aspecto um tanto quanto sinistro à Casa do Senhor. Mesmo tendo passado
em frente à ela inúmeras vezes nesses quatro meses, era impossível não se
impressionar.
Colado
ao Dom, encontra-se o (pausa para respirar) o Römisch-Germanisches Museum, o
museu de arqueologia da cidade. Não muito grande, mas interessante o bastante
para gastar uma ou duas tardes. Ali foi descoberta uma casa romana com um
grandioso e fantástico mosaico no chão, e a "solução" para não
desmantelá-lo foi construir um museu ao seu redor (ah, se em todo lugar fosse
assim...).
De
resto, por ali, podem ser encontradas no centro outras igrejas interessantes, a
antiga prefeitura, os restos subterrâneos da fortaleza romana
("Praetorium") e o próprio Reno. As paisagens da renomada rota
romântica do Reno se localizam rio acima, entre Mainz e Koblenz. Ali em Colônia
é só um grande rio margeado por cidade, mas mesmo assim tem um pôr do sol
bonito. Nas estações mais quentes, gastar fins de tarde (ou noite) nos bares e
restaurantes às suas margens deve ser ótimo (nas mais frias, é possível
encontrar lugares fechados com uma boa vista).
Como
parte do programa de lazer do CDC, fizemos também algumas visitas de finais de
semana à cidades próximas de interesse turístico. Todas se tratavam de cidades
não muito grandes, antigas e com centros históricos bem preservados. Mas, além
disso, cada uma tem destaques adicionais. Aachen, na fronteira com a Bélgica,
foi local do principal palácio construído por Carlos Magno, e consequentemente
tem um museu que dá destaque aos francos e ao início do Sacro Império Romano.
Maastrich é na Holanda e tivemos pouco tempo para ver, pois levou três horas
para ir e para voltar, nada adequado para um bate e volta. Para quem gosta,
possui dezenas de galerias de arte. Koblenz, por fim, é uma hora ao sul de
Colônia, e é disparado a mais legal das três, seja pelas bonitas paisagens à
beira dos rios ou monumentos históricos. Como destaque absoluto, o complexo do
castelo, que fica no topo da colina, com diversos meandros e corredores em meio
às muralhas e aposentos. Só em Heidelberg me lembro de ficar tão entretido
explorando um castelo (mas também contribui para a experiência o fato de ser um
dia chuvoso e o lugar estar quase deserto).
Da colônia para a cidade
E,
exatamente mo primeiro de Abril, tudo se encerrou (de verdade!). Fim do curso
de línguas em Colônia para começar o trabalho para valer em Darmstadt. Que
também é uma cidade simpática e não tão pequena para os padrões alemães (150
mil habitantes, 430 mil na zona metropolitana). Aqui não será tão fácil entrar
no bonde e em minutos estar em um museu, zoológico ou apresentação musical, mas
Frankfurt está a meros 20 minutos de trem, e as redondezas estão plenas de
cidades interessantes e paisagens bonitas (Mainz, Heidelberg, a rota romântica do
Reno). De Colônia, sentirei falta dos amigos feitos lá e da vivacidade da
cidade, a imensidão e diversidade de coisas para serem feitas a qualquer hora e
lugar.
E
até agora estava vivendo em um mundo paralelo, cercado por estrangeiros e
pessoas acostumadas a conviver conosco, em uma cidade cosmopolita. Agora é hora
de provar um pouco mais da Alemanha e dos alemães, embora também no mundo
diferenciado da universidade. Mas é excelente ter de novo uma casa própria, e
estou ansioso para começar o trabalho de verdade. Fim de "férias",
hora de focar na ciência. E, espero, não esquecer que o artigo definido
feminino no caso dativo muda para a mesma forma do artigo masculino no caso
nominativo...