sábado, 29 de novembro de 2008

Flood report - versão Félix (não-cínico)

Alô, alô, Noé manda lembranças! Aparentemente o pior da catástrofe hídrica em Santa Catarina já passou e os animais sobreviventes podem recolonizar a terra devastada. Entretanto, o sol, mesmo fazendo suas aparições ocasionais, ainda não se estabeleceu de vez. O tempo segue enevoado, com chuvisco leve, mas todos os catarinas ficam de cabelo em pé ao sentir o menor respingo na nuca. A qualquer momento pode cair um novo toró. Pelo menos os rios já estão mais baixos e a terra menos enchardada, não haverá mais um fim de semana como o fatídico passado.

Ontem deu um calorão com sol entre nuvens. Teve gente reclamando e o sol ficou sentido: hoje se escondeu novamente e, neste exato momento, uma nova chuva se iniciou. Algo me diz que traduziram errado o Gênesis: Moisés não escreveu que o dilúvio teria quarenta dias, e sim quarenta meses. Paciência, pessoal, só falta mais uns trinta e seis...

Em Florianópolis houve seu quinhão de desastres, mas, como não temos grandes rios na Ilha, não foi tão ruim (porém, do jeito que está, é capaz de daqui a pouco o mar transbordar). A água foi racionada por uns dias e a energia não sumiu. Em Blumenau, a situação foi bem feia. Porém, para os não-catarinas, não achem que lá foi o maior desastre. Ela aparece mais por ser uma cidade maior e mais conhecida da mídia nacionaol. O título de "fodidos do ano" poderia muito bem ser dado para Ilhota (onde um morro inteiro, bem conhecido e - biólogos, como explicamos isso? - coberto por uma unidade de conservação foi todo abaixo) ou, mais ainda, para Itajaí. Imagine todos os desastres que ocorreram em todas as cidades do Vale do Itajaí (que inclui Blumenau, Ilhota, Rio dos Cedros, Timbó, Indaial, Pomerode, etc.). Agora imagine que toda aquela água é drenada para um rio, o Itajaí-Açú. E agora imagine quem fica na foz deste rio. Sim, Itajaí. Segundo alguns dados da imprensa, 80% da cidade chegou a ficar embaixo da água.

Houve enchentes mais longas e com maior volume de água. Neste ano, o nível do rio não chegou aos 12 metros no pior momento, e rapidamente recuou. Nas "big ones" dos anos de 1983 e 1984 o rio chegou a quase 15 metros e meio. Pense que, com os transbordamentos, se torna muito mais difícil para o rio subir após uma determinada altura. Então subir de 12 para 13 é muito mais difícil do que de 9 para 10, por exemplo. Vejam neste blog fotos impressionantes de Blumenau naquela época. Sim, foi água pra cacete.

No ano atual, choveu mais do que em qualquer outra época no estado ao longo dos últimos meses. Porém, como não era uma chuva muito forte, o rio ficou na dele. Entretanto, o problema deste ano é que, de repente, a chuva veio absurdamente forte em pouco tempo: o fim de semana passado. O que ocasionou os piores desastres: desabamentos por todos os lados. Casas foram arrastadas. Morros caíram. Rodovias de quatro pistas foram bloqueadas por barreiras monstruosas de lama e pedras. O mapa rodoviário do estado ficou parecendo um campo de guerra, com trincheiras bloqueando estradas por todos os lados. Tudo isso contribuiu para o tremendo número de humanos mortos (sem contar os animais de estimação, certo, Fábio?). Como diria uma amiga da minha mãe, os barrancos foram caindo como sorvete derretendo.


E a culpa é de quem? Diversos são os possíveis acusados. Os governos, adorados alvos de culpa em todas as ocasiões, não merecem sentar na cadeira dos réus dessa vez. Pelo contrário, as obras de infraestrutura que foram feitas a partir das grandes enchentes dos anos oitenta diminuiram muito o problema, que era crônico na região (a última enchente foi em 1992, fora enxurradas e alagamentos menores, que nunca deixaram de ocorrer). Eu vi gente se conformando de que tudo era obra de Deus. Bem, para estes nem adianta tentar culpar o chefão. O jeito é baixar a cabeça e se acostumar ao caprichos de um papai destemperado.

Tem gente dizendo que a natureza é implacável, ou está "se vingando". Sem dúvida, muitos deslizamentos foram ocasionados por falta de cobetura vegetal. E não há drenagem em solos cobertos por contreto (bueiros? ha!). Nós, macacos sem pêlo modernos, também não tínhamos nada que estar colocando cidades ao lado de um rio que naturalmente transborda. Os egípcios respeitavam o ciclo natural de cheias do Nilo e aprenderam a utilizá-lo ao seu favor. Desde seis mil anos atrás, pelo menos. As osclilações tremendas nas chuvas de um ano ao outro (2006, por exemplo, foi um dos anos mais secos, com 35% a menos de chuva que a média) podem ser resultado de nossas intervenções nos ciclos planetários, mas é difícil afirmar isso. Ainda mais sabendo-se que foi o El Niño a principal influência das enchentes passadas.

A "natureza" está na dela. As pessoas aceitaram alguns riscos e algumas estão pagando um preço por isso. Não faz muito sentido procurar culpados quando a história é um desastre natural. Só resta aos outros macacos, aqueles dos outros estados, que não se molharam, darem uma ajudinha. É só virem na próxima Oktoberfest e tomarem todas. Pois alguém duvida de que a tradicional festa será novamente propagandeada pelo caos? Sem dúvida, a Sommerbierfest (uma mini-Oktober criada em Blumenau durante a época de cidade-fantasma, no verão) será...

Ok, não é possível escapar totalmente do cinismo...

sábado, 8 de novembro de 2008

O mapa do metal

Não foi revisado, tampouco uma brincadeira tão bem explorada como poderia ser. Mas é que chegou a hora do almoço... ;)

De onde vem o metal? Para os pseudo-nacionalistas musicais, parece tudo "coisa de gringo" (no caso, se referindo aos estadunidenses). Afinal, a grande maioria canta em inglês, e tem muitos que parecem esquecer que o próprio inglês, como o nome diz, não é estadunidense. Por outro lado, eu sempre afirmei que os EUA eram muito fracos em matéria de metal e que de lá quase só vinha as "modinhas", como o Nu (ou "No") metal (com uma honrosa exceção). Para tirar a dúvida, decidi checar minha coleção para ver o que os frios e cruéis dados me mostravam.

Para isso, chequei a origem de todas as bandas de metal das quais tenho ao menos um cd. O número de cds por banda não foi considerado, então a discografia completa do Black Sabbath pesa o mesmo que aquele único cd do Anasarca que eu só ouvi uma vez (as três primeiras músicas). Foram incluídas as bandas que estão nos "limites" do metal e que alguns poderiam questionar a inclusão, como Rammstein e Motorhead. Demos (perdão, bandas de amigos!) e músicas avulsas não foram consideradas, apenas álbuns completos e EPS.

Logicamente, há grandes problemas nessa amostragem: ela reflete parcialmente meu gosto pessoal por determinados sub-gêneros e, como veremos adiante, o país de origem tem grande influência no subgênero. Mas, com eu tenho uma tendência a ir atrás de várias bandas mais comentadas apenas para conhecer, esse erro é um pouco diluído. O dia em que eu publicar na Science, me preocupo mais com isso. Digo "parcialmente" pois tenho uma grande quantidade de discos de bandas dos estilos tradicionais estadunidenses, pega de um amigo, mas que ouço muito pouco.

De um total de 377 discos, obtivemos 122 bandas, divididas entre:

1º - Estados Unidos (22 bandas)
2º - Suécia e Inglaterra (18 bandas)
4º - Noruega (17 bandas)
5º - Finlândia (11 bandas)
6º - Alemanha (10 bandas)
7º - Brasil (5 bandas)
8º - Itália (4 bandas)
9º - Dinamarca e Áustria (3 bandas)
11º - Holanda, Israel e Suíça (2 bandas)
14º - Grécia, Portugal, Austrália, Rússia (1 banda)

O que vemos é que os Estados Unidos é o país com maior número de bandas. Tal resultado não é tão surpreendente, levanto em conta o tamanho e a população dos EUA. Proporcionalmente, a Inglaterra e os países escandinavos apresentam uma concentração maior de bandas. Em matéria de continentes, a Europa domina, com 74% das bandas. Nos outros quatro continentes, apenas um país possui bandas: EUA na América do Norte, Brasil na América do Sul, Austrália na Oceania, Israel na Ásia (há a Rússia, que poderia contar para a Ásia e Europa) . Os africanos sofrem pela falta de energia elétrica para plugar as guitarras, continuando apenas com tambores.

Há uma clara concentração local de sub-gêneros. Os EUA despontam como pólo do trash (a honrosa exceção) e do "metalcore" (a modinha do momento). A Inglaterra possui muitas das bandas clássicas do heavy "propriamente dito". A Suécia é forte no death metal, particularmente a vertente melódica. A Noruega apresenta uma tendência ao black metal, também com grandes expoentes do gothic. A Finlândia apresenta diversas bandas de folk, que usam elementos da música tradicional do país. Se eu ouvisse mais metal melódico, é provável que a Alemanha estivesse melhor representada.

Eu esperava uma quantidade menor de bandas americanas, mas acabou que os EUA foram o país mais representado. Como citei antes, parte disso se refere aos discos dos sub-gêneros típicos do país (em particular o tal do "metalcore"). Por outro lado, talvez seja o país que apresenta maior diversidade de bandas, tendo representantes de vários gêneros, como death, prog, melódico e black.

O uso da língua inglesa transcende a influência atual dos EUA. Esse uso parece mais ligado ao uso dela como "língua universal". Efetivamente, muitas bandas que cantam em inglês não chegam a atingir o mercado estadunidense. Mas, afora aquelas que usam a língua nativa ocasionalmente em algumas músicas, há diversas bandas que cantam predominantemente em sua língua, particularmente da Alemanha e da Escandinávia.

Sem dúvida, o metal é um estilo dos países do hemisfério norte. É um típico fenômeno da sociedade desenvolvida ocidental. Realmente, se sabe que o único pólo significativo do metal fora do primeiro mundo é o Brasil. E, mesmo assim, as bandas nacionais são mais bem conhecidas lá fora do que no próprio país, como o Angra, o Krisium, o Sepultura e diversas outras. As explicações para isso podem ser sociais, econômicas, históricas e até biológicas (há quem cite a influência do clima frio e dos longos invernos na tendência escandinava para os sub-gêneros mais melancólicos, obscuros e extremos do metal).

De qualquer modo, o que dá para concluir é que um dos benefícios da ágil troca de informações de um mundo globalizado é ter contato com produtos culturais (de lixos a luxos) de sociedades completamente distintas da sua própria. Alguns podem condenar isso como perda de identidade cultural. Eu já penso que é um modo de assimilar diversos traços culturais em uma personalidade própria. E, felizmente, não precisar depender de pagode, axé e funk para satisfazer as necessidades musicais...

sábado, 1 de novembro de 2008

Recomendações musicais

Sem assuntos literários para abordar, vão aí umas dicas de bandas para quem gosta de sonoridades diferenciadas.

A primeira é nacional, e não é o tipo de banda que vocês me imaginariam recomendando. Mas o Móveis Coloniais de Acajú chamou minha atenção de um modo inesperado, desde que um amigo em BH me apresentou ano passado. eu não costumo gostar muito de incursões de bandas de rock pelo mundo da MPB (não por causa da combinação, mas porque me soa pretensioso e mal-feito). Mas os Móveis, com seu samba-rock-ska-salsa-etc., parecem diferentes. Talvez porque, mesmo as músicas sendo muito bem feitas, há uma certa dose de escracho no modo como são executadas (a primeira faixa do disco - "Perca peso" - é o melhor exemplo disso). Ajuda em muito o vocal de André Gonzáles, destaque da banda. E dá-lhe corneta com guitarra, junto com letras bem-humoradas e bem escritas.

Dá para baixar as músicas do primeiro disco da banda ("Idem") no site oficial da banda. Mas, se não quiser ter o trabalho de baixar uma a uma, têm várias opções de download aqui.


A segunda dica é para quem gosta de coisas mais pesadas. não necessariamente só metaleiros, mas qualquer um que não tenha alergia a um som um pouco mais potente. Nos últimos anos, eu tenho estado em busca de sonoridades diferenciadas dentro do metal, descobrindo uma diversidade da qual não tinha nem idéia (notadamente dentro do rótulo "folk metal"). E ontem tive acesso a uma banda alemã que não faz folk, mas mesmo assim combina mais elementos em seu som do que qualquer outra banda que eu já tenha ouvido. É o Die Apokalyptischen Reiter (saúde!).

Ouvi o disco "Riders on the storm" (nada a ver com The Doors aqui) e digo a vocês, isso é bom, MUITO bom. A base do som é um metal rápido, com diversas passagens extremas, mas sem poder ser chamado de death. Há uma infinita mudança de andamentos, muitas inesperadas, outras previsíveis, mas sempre funcionando muito bem. E, música a música, novas coisas vão surgindo. Uma hora é um clima pomposo regado a violinos e um toque folk. Outra hora são cornetas desafinadas precedendo uma explosão rock-hardcore a la Motorhead. Em outra são violões acústicos quase lembrando uma bossa nova (!). A criatividade dos caras é algo incrível, um metal sem fronteiras e nunca se tornando cansativo (as faixas são curtas e acessíveis). Não vai assustar muito quem não gosta de metal extremo, pois os vocais brutais são relativamente esparsos. Por sinal, o vocalista é um puta destaque: passando por vocais limpos que lembram Rammstein, vocais roucos tipo Motorhead ou o clássico gutural extremo, o cara manda muito bem em todas as abordagens. Ajuda muito que a maioria das músicas é cantada em alemão, a melhor língua para a música pesada, junto com o inglês.

Não é uma banda especialmente fácil de achar material, mas vocês podem encontrar algumas opções de download aqui. Recomendo o "Riders on the storm" primeiro, pois também ainda não ouvi os outros... Mas o "Samurai" também é bem cotado.

Para aqueles que gostam de explorar o que há de diverso e diferenciado no mundo da música... divirtam-se!

domingo, 19 de outubro de 2008

Oktoba!

Noite insana de Oktober ontem... Novos recordes de público e novos recordes de aperto e calor. Com direito a derramamento de chope, ippon em amiga e chuva até dizer chega na cabeça.

Mas como diria o sábio, se não é para se passar e fazer merda, não é Oktober! Agora dá para ficar mais uns três anos sem ir novamente... Afinal, entra ano, sai ano e é sempre a mesma coisa. E viva a clássica "Ein prosit"... a cada 5 minutos!

Ê, essa vida que leva a gente de nada a lugar algum...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Haja mp3, o Retorno

Voltando hoje para as Geleiras Sulistas. Depois de reviver a bênção das Havaianas e as clássicas marcas de sol no pescoço, está na hora de tremer um pouco mais. Até que fez frio aqui nesses últimos dois dias. "Frio" no sentido mineiro, ou seja, vinte graus. Ontem eu andava sossegado pela UFMG de bermuda e Havaianas e as pessoas me olhavam como se fosse um ET.

Foi muito proveitosa a estadia aqui, tanto em lazer quanto em trabalho. Volto com uma tonelada de coisas para ler e um novo ânimo com o trabalho.

Aproveito para dar algum conteúdo a mais um post inútil e recomendar a quem ainda não o fez que passe no Duelo de Escritores. Esta rodada foi um tanto quanto interessante e ainda dá tempo de votar hoje. A participação do pessoal foi bem grande, possivelmente porque cada texto não tem mais do que duas linhas e até um morcego conseguiria ler em pouco tempo. E a votação é a mais pagodeada de todas as rodadas até agora. Vão lá que ainda dá tempo de votar hoje!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Haja mp3...

A melhor coisa de sair para viajar é ter o "dever" de destruir tudo o que sobra na geladeira. Acabei de destruir um macarrão (como não usei o tempero, não defino como "miojo") nadando em um molho te tomate que incluiu 5 fatias de queijo e 5 de presunto... *burp*

Amanhã estou indo para Belo Horizonte cumprir os deveres do mestrado. Dessa vez não tem concurso em cima da data (maldições, uma questão, uuumaaa questãããooo!!!!), então vou de busão mesmo, já que até agora estou pagando a passagem de avião da outra vez. Faz um tempinho que não faço uma viagem longa de ônibus. Desde que voltei de BH em 1 de dezembro passado, na verdade.

Pretendo voltar no final da próxima semana. Se eu voltar sexta, o esquema é ir direto para Blumenau e encarar uma Oktober praticamente virado no sábado. Mas vamos ver ainda, o bom de voltar de busão é não ter tanto compromisso com a volta.

Um dos compromissos lá é o seminário de andamento das teses e dissertações. Curiosos para saber como anda meu trabalho? Não, é claro. Mesmo assim fica aí o resumo entregue para o seminário, para vocês darem uma espiada. Se parecer pretensioso demais... Bem, é! Mas conforme eu for vendo que não tenho tanta base teórica como deveria em alguns pontos, vou baixando a bola...


CONSERVAR POR QUÊ? - DISCUTINDO AS MOTIVAÇÕES E OBJETIVOS DA IDEOLOGIA AMBIENTALISTA

A conservação ambiental é tema de crescente interesse nas últimas décadas, com a ascensão do ambientalismo moderno como força político-social. Entretanto, uma atenção menor tem sido dada aos argumentos pelos quais a ideologia ambientalista é embasada. Neste trabalho, analisamos o discurso ambientalista e seus argumentos mais usuais, testando sua coerência e validade de um ponto de vista concreto e objetivo. Os setores sociais diferem em seus argumentos, com o ambientalismo político sendo marcadamente antropocêntrico e utilitarista, enquanto o ambientalismo social organizado possui tendências biocêntricas e ecocêntricas. Em ambos os casos, os "porquês" do ambientalismo são vagamente formulados e pouco desenvolvidos. Na discussão acadêmica, predominam artigos sociológicos, com inexpressiva contribuição das ciências naturais, sendo reduzida a discussão sobre bases filosóficas. Há uma clara necessidade de se explorar com mais profundidade o assunto. Os argumentos ambientalistas podem ser, do ponto de vista da relação homem-natureza, divididos em internos e externos à espécie humana. Os argumentos internos apresentam uma coerência e objetividade maior que os externos, que necessitam de uma grande dose de subjetividade para sua aceitação. A subjetividade é considerada prejudicial para embasar o ambientalismo de larga escala. Portanto os argumentos internos, além de serem os mais coerentes, são os mais eficientes para um ambientalismo global. Uma proposta de argumentação objetiva é apresentada no trabalho, em que a conservação ambiental é importante apenas para a sobrevivência humana, porém levando em conta a complexidade das interações entre elementos bióticos e abióticos do planeta.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Novas confusões pela frente...

Os fazedores de prova de concurso deve estar dando pulos de alegria agora. Com o novo acordo internacional sobre a lingua portuguesa, uma sére de coisas significativas (e algumas nem tanto), vão mudar. Se resolveram tornar a língua mais simples e coerente? Ha! Jura! Muitas modificações merecem com louvor o adjetivo de "portuguesas". Há uma possível influência aí da maligna Sociedade Secreta dos Cursinhos, como vocês verão...

Primeiro, a parte boa. Não existe mais trema. Não que mude muito para mim. A última trema que eu escrevi deve ter sido no vestibular (ou foi exatamente isso que me tirou vários pontos em redação). O K-Y (junto com o W, claro) foi oficializado. Serão usados em expressões estrangeiras e seus derivados. Não sei qual era para ser a silga "oficial" de quilômetro antes, mas agora todos podem escrever "km" de boa.

Mas na parte dos acentos a coisa começa a ficar feia. Teoricamente, não existe mais acento agudo em ditongos abertos. Então "assembléia", "platéia" e "idéia" viram "assembleia", "plateia" e "ideia". Fora o estranhamento inicial, nada de mal. As línguas anglo-saxônicas mostram para a gente como dá para viver bem sem nenhum acento. Mas vocês acham que o português ficaria satisfeito com uma regra simples? Nãããão! Quando as palavras forem oxítonas ou monossílabas (herói, dói), o acento permanece! E a regra só vale para os ditongos "ei" e "oi", o "eu" segue acentuado (chapéu, véu, céu).

E o acento diferencial foi para o espaço também. Então pára (de parar) e pêlo viram para e pelo. Contexto é tudo e não era necessário um acento fora das regras para diferenciá-los mesmo. PORÉM... O verbo "pôr" ainda mantém o acento diferencial para diferenciar da preposição "por". E a mais vital de todas as regras: a terceira pessoa do pretérito perfeito do indicativo de "pôr" continua mantendo o acento: "pôde" (concursistas, abram o olho). As outras não precisam de acento, o ontexto basta. Mas para "pôr", precisa. Vai entender...

Outras regras falam que os hiatos "oo" e "ee" não são mais acentuados (como enjôo, vêem). Aparentemente tais regras não possuem exeções, como manter o acento quando o tempo está encoberto ou serem escritas com til todas as terceiras quartas-feiras de abril (em anos pares).

Agora, se vocês acham que isso é confuso, se preparem para as novas regras de hifenização. Daí começa a putaria generalizada. Não se usa mais hífen em palavras compostas onde a segunda palavra termina com "r" ou "s", deve-se dobrar a letra (contra-regra = contrarregra). Também não se usa quando a primeira termina e a segunda começam com vogal (auto-ajuda = autoajuda).

PORÉM... Quando a primeira palavra termina e a segunda começa com a mesma letra, se usa o hífen. Inter-racial não vira interracial. Anti-inflamatório não vira antiinflamatório. E se a palavra seguinte começa com "h", também não se hifeniza (anti-herói não vira antiherói ou quem sabe antierói - ok, essa última seria bem feia). E o prefixo "co" também não se hifeniza, mesmo quando a segunda palavra começa com "co". Então nada de co-operação ou co-ordenação.

Em seguida há uma lista de mais umas dezenove mil regras e exceções de quando aparece hífen e quando não aparece, as quais eu só vou tentar entender se for realizar um concurso a partir do ano que vem (e então saber por que "o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica").

Ok, eu sei que uma língua não deve ser algo lógico. É uma construção cultural com influências sociais e históricas. e que neste caso a intenção é padronizar a língua entre os diversos países do mundo que a usam. Mas pelo jeito continuamos com a mesma língua de sempre: para toda regra, uma série de exceções e remendos que não fazem sentido algum (parece até as nossas leis). Continuaremos vivendo na terra sem lei, sendo julgados em vestibulares e concursos públicos não por nossa capacidade de comunicar, mas por nossa capacidade de pagar um cursinho e / ou decorar todas as babaquices da língua. Tomara que o inglês vire logo língua mundial mesmo, pois, embora tenha várias incoerências também (principalmente na pronúncia), não é assim tão... como direi... "português"!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sempre em frente, nunca recuar

Não é bem a BBC, mas não deixa de ser uma evolução. Depois de uma chamada rápida naquele jornaleco da TVBV (passou na quinta feira daquela semana), temos agora uma entrevista ao vivo agendada para um programa da TVCOM (rede a cabo de alcance estadual), sexta feira agora, 20:30. Horário nobre e tudo, com a possível participação dos cinco duelistas. E quinta agora vai ter mais uma entrevista para um canal local de Balneário Camboriú. É, a brincadeira está rendendo... Espero que essa divulgação toda resulte em mais leitores fiéis, votantes e comentantes!


Mas como não é o Duelo que paga minhas contas, a dissertação segue tomando forma. Escrevi umas 30 páginas até agora. Pode parecer pouco, mas como estou escrevendo bem por cima ainda, é muito conteúdo condensado. Cada parágrafo que escrevo penso que daria para se tornar um capítulo. Talvez eu esteja querendo mexer com coisa de mais colocando empenho de menos nisso. Mas algumas coisas que o pessoal considera tão complicado me parecem tão simples... Bom, vamos ver qual é.

O que percebo é que estou trabalhando dentro de um paradigma completamente diferente dos existentes. O meu relativismo moral chega a me assustar às vezes. Mas é impressionante como ele consegue simplificar coisas que parecem tão complicadas às vezes. E - só para ficar no chavão literário da dicotomia - como ele complica aquilo que é parece simples... Sim, eu escrevi 17 linhas sobre por que ficar vivo é um bom argumento para manter o mundo inteiro. E podia escrever muito mais...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Duelo na TV II

Uma reportagem sobre o Duelo de Escritores com este que vos fala deve passar na TV Barriga Verde (Band local) hoje ou amanhã, 12:50. Se o repórter decidir não cortar o nerd cabeludo enrolado, devemos ganhar uma chamada rápida.

Depois de Fábio e Marina na TV Furb, chegou minha vez. A próxima será Rodrigo e Thiago para a BBC.

Assuntos duelísticos à parte... As pessoas não respeitam mais as relíquias do passado. O weblogger decidiu encerrar os serviços e passar um trator nas ruínas do antigo Santuário. Ok, eles avisaram um tempo antes, eu que não me mexi para salvar os textos. Pena. Mas a maioria dos textos "de verdade" eu tenho salvos (sabe, daquele tempo em que eu realmente fazia do blog um local de textos, e não de blábláblá).


E agora, só blábláblá.

Ê, essa vida...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Um dia após o outro

Um dia após o outro, aparentemente indo de nada a lugar algum... Ando tão sem vontade de fazer as coisas... há uns, deixe-me ver, dois anos?

Ah, sim, tenho meu trabalho do mestrado. Eu deveria me empolgar muito com ele, não é? É o tema com o qual eu mais gostaria de estar lidando. Isso ainda não tinha acontecido. Mas agora que comecei a escrever, no escuro mesmo, sem ter lido tudo o que devia... Dá uma melhorada.

Perspectivas para ano que vem... Alguma?

Um ano após o outro, talvez...

"Sweet depression... come take me to the land of suicide
Bitter life... Go away in peace and let me die..."


(na verdade, eu acho que só preciso que o tempo volte a esquentar...)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Joe, o Cara

Mais mini-contos do Joe para complementar aquele postado no Duelo de Escritores. Afinal, nem só de bom gosto vive o homem! Um fato curioso com o último conto: a situação foi totalmente baseada em fatos reais. Ao final, explico melhor.

03/10/06

- Não, querida, está uma merda.

Os lábios de Louise tremeram. Seus olhos marejaram e ela nada disse. Correu para o banheiro e bateu a porta com força. O som da chave girando na fechadura era um indício de que ela não sairia de lá tão cedo. Mas ela voltaria. Ela sempre voltava.

Ninguém pediu para ela fazer o que fez com o cabelo. Tampouco que pedisse minha opinião sobre o resultado. Uma pena, para ela.

Fui até o bar e derramei uma dose tripla no copo. Era a quinta, ainda faltavam três para fechar a noite.

Fiquei pensando em Louise com aquele cabelo. Tinha ficado um lixo, aquela coisa moderna e curta. Lembrei das atrizes do estúdio, todas gostosas e com longas e reluzentes cabeleiras. Por que eu perdia tempo com Louise, se podia comer todas aquelas mulheres pelas quais multidões de caras tocavam punhetas?

Acho que eu ainda não estava acostumado com aquela vida. Num momento, um pé-rapado metido a esperto que enganava trouxas. Em outro, Joe, O Cara. Rachel tinha feito um trabalho espetacular mesmo, sobre a descoberta de Richard. Pena que ela me odiava e jamais iria dar para mim. Não seria tão ruim, se ela não me desse tanto tesão. Paciência, um dia eu conseguiria.

Por enquanto, me contentava com outras gatas. E eu poderia ter muitas mais, não fosse o tempo que perdia com Louise. Ok, chega de relações pseudo-estáveis.

Fui até o banheiro e pedi desculpas. Talvez isso tenha sido tão bizarro que ela me perdoou imediatamente. Trepamos feito loucos durante horas, e a partir do outro dia jamais voltei ao apartamento dela.


17/11/06

Uma hora, acho que lá pela sexta dose, caí na real. Eu tinha grana agora. Além de fama, tinha grana, e muita. Pensei então no que fazer com tudo aquilo.

Imóveis, investimentos, tudo isso dava muito trabalho. Família? Nem pensar. Eu estava comendo Louise, uma gata que trabalhava no estúdio, mas era muito cedo para achá-la a mulher da minha vida. Mesmo sendo mais gostosa do que eu jamais sonhara nos dias do busão.

Na sétima, tive uma idéia genial. Ia me tornar agiota. E de velhinhos aposentados. Tinha maneira mais fácil do que manter dinheiro circulando e rendendo?

Liguei para minha secretária e mandei ela botar um classificado no jornal. Era alta noite, mas ela não reclamou e falou que enviaria na manhã do outro dia, pois só as impressoras dos jornais funcionavam de madrugada, não os atendentes. Falei que era uma piada idiota como ela e desliguei.

Depois de alguns dias, Richard me ligou.

- Joe, meu querido, estão te processando.

Eu sempre achei Richard meio viado por causa desse "querido", mas ele também comia uma mulherada.

- Sem teste de DNA eu não assumo nada.

- Não é nada disso, meu velho. É por causa do teu anúncio.

- Porra, eu nem extorqui ninguém ainda, por que tão me processando?

- É por causa do anúncio em si, rapaz. "Empresto grana para velhos aposentados e pensionistas. Sem avalista e burocracia. Dou porrada em quem não pagar". Não é o tipo de coisa que agrada aos velhinhos. Um promotor público assumiu as dores e entrou com um processo.

Parei para pensar.

- Mas desde quando é proibido dar porrada em alguém?

- É a lei da sociedade, Joe. Você não pode bater nos outros sem motivos. É assim desde que o primeiro macaco desceu da árvore.

- Mas eu só bateria se eles não me pagassem! Caloteiro não pode apanhar?

- Sem dúvida eles tem que pagar, meu querido, mas as pessoas não gostam de ver alguém batendo em velhinhos. Não sei como sua secretária realmente enviou o anúncio ao jornal. Talvez ela não tenha percebido por causa do sono, quando anotou...

- Que nada. É porque ela quer que eu coma ela de novo.

- Deve querer mesmo, e muito. Tanto que, para que essa idéia infeliz desse mais certo, ela até colocou teu nome e teu telefone no anúncio. Por que acha que tá dando tanto rolo? Se você ainda fosse um pé-rapado, não ia dar nada, mas um astro da mídia querendo bater em velhinhos...

- Caralho, mas aquela guria é burra mesmo! Um agiota nunca bota o nome no anúncio!

- Principalmente se o país todo conhecê-lo... Já fiz com que ela fosse demitida e contratei uma bem gostosa no lugar. Quanto ao anúncio, tem sorte de que Rachel é muito boa no que faz e já está dando um jeito, dizendo que foi armação.

Rachel também poderia dar para mim, em vez de apenas cuidar da minha imagem para ganhar grana. Ela era a guria mais tesuda que eu já tinha visto.

- Você vai escapar dessa ileso, Joe, mas tem que aprender a se comportar se quiser manter uma imagem, a fama e a grana, ok? Um abraço, meu querido, te cuida.

Os próximos dias mostraram que algumas idéias são muito mais geniais do que aparentam. Não emprestei grana nem espanquei nenhum velho, mas várias menininhas ligaram para o telefone do anúncio. Tinham esperança que não fosse armação, e que aquele seria mesmo o telefone do astro Joe.

Comi várias, é claro.


19/11/06

O ônibus estava parado em meio ao caos do terminal. O motorista e o cobrador, do lado de fora, contavam os minutos para poder partir. Era tempo suficiente. Bastava eles não me verem tão cedo e tudo daria certo.

Subi e encarei o pessoal. Ainda bem que o ônibus não estava lotado, senão o pessoal do fundo não me veria. Só os bancos estavam ocupados. Ótimo, era disso que eu precisava.

Chamei a atenção com uma voz suplicante e educada. Assim que os primeiros olharam para mim, comecei a expor minha situação. Tinha vindo de uma distante cidadezinha do interior há algum tempo, em busca de emprego e uma vida melhor. As coisas não deram muito certo, e agora eu estava sozinho e sem dinheiro, implorando pela ajuda dos outros. Tudo o que eu precisava era conseguir juntar os trocados necessários para a cara passagem de volta para minha terra natal.

Muitos se mantiveram indiferentes. Das expressões que me fitavam, várias eram de incredulidade. Um ou outro parecia condoído.

Diante da situação, não pude me conter. Minha voz ficou embargada e as lágrimas brotaram de meus olhos, enquanto eu pedia por favor, dizia que não era um vagabundo, que não gostaria de estar ali mendigando, era apenas alguém que não tivera sorte. E eu precisava voltar, pois aqui não tinha nada. Era jovem, merecia uma segunda chance. Só queria rever minha família e meu lar. Só a passagem de volta. Só isso...

Agora todos me olhavam. Muitas expressões de dúvida se tornaram de pena. Fungando e soluçando, passei pelos bancos, recolhendo as moedas e notas que as pessoas me ofereciam, tocadas pela minha situação deplorável.

No fundo, um homem sentado sozinho esticou um cartão e uma nota de alto valor. Emocionado, agradeci-lhe demais por toda aquela generosidade. Ele chegou mais perto e sussurrou para mim:

- Eu quase acreditei na tua história, seu filho da puta. Tu pode ir longe com esse teatro. Se quiser sair dessa vida e ganhar uma grana fudida, liga pra esse telefone.

Saí do ônibus e do terminal, enxugando as lágrimas. Contei o dinheiro. Uma boa colheita. Depois olhei o cartão: "Rachel & Richard: agentes artísticos".

Olhei meu reflexo numa vitrine. Lindo, claro. É, talvez fosse a hora de fazer algo mais do que enganar idiotas. Quem sabe até eu comesse alguém na história...



*** Explicando: o fato ocorreu quando eu ia pegava um ônibus de Floripa para Blumenau. Subiu um cara com jeitão de sou-do-interior-preciso-voltar-pra-casa-coitadinho-de-mim enquanto o ônibus estava parado com algumas pessoas colocando as malas. Falou aquela história toda que ninguém mais engole, mas no final começou a chorar desesperadamente, dizendo que precisava mesmo e blábláblá. Daí um monte de gente foi na dele (confesso que eu cheguei a ter um pouco de dúvida). Alguns meses depois, estou no terminal urbano do centro em Floripa, já dentro do ônibus esperando ele partir, e quem me aparece? Nosso amigo chorão, começando seu discurso. Mas dessa vez levou um esporro do cobrador logo de cara, mandando ele cair fora. E ele ainda falou com aquela voz de coitadinho: "desculpa gente, mas o cobrador não me deixa falar"... E eu morrendo de vontade de gargalhar, claro! ;)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

AHOOOYYYY

Aquele último post foi uma lástima em relação à ortografia. E olha que naquele eu nem estava bêbado. Neste estou. Ouié. Quando você vai num lugar tomar dois chopes pelo preço de um e ainda gasta trinta pila, significa que algo deu errado. Ou muito certo. Ou uma mediana interposta entre seus fiéias aliados quartis. Shubb-Niggurath, ya, ya, hakunna matatta!

domingo, 17 de agosto de 2008

Vareio

Melhor assim. Se é para não ganhar, que pelo menos a derrota seja categórica. Saí do ocncurso sabendo que tinha ido mal, mas não tinha idéia da surra fenomenal que ia tomar no concurso. A equação geral que citei abaixo quase funcionou - das oito de matemática (pra que tanto??), acertei uma. Teve questões absurdas do tipo correlacionar o nome dos últimos oito governadores catarinenses ao nome dos seus planos de governo. PUTA QUE PARIU, que merda é essa? Se fosse relacionar a obras ou eventos importantes na gestão, mas NOME DOS SEUS PLANOS DE GOVERNO? Não consigo imaginar questão mais idiota para se perguntar a qualquer pessoa, em qualquer época ou lugar.

Claro, entrou o fato idiotice também, como assinalar errado uma questão onde eu sabia a resposta e outra passar errado para o cartão resposta. É a vida. O resultado final? 23 de 50. Nota 4,6. Nem com as várias questões recorríveis (muitas erradas mesmo, desde coisas meio subjetivas a óbvios ululantes) chego na nota mínima de 7,0. Não, dessa vez não tenho nenhuma desculpa. Se o concurso da UFSc tinha sido na trave, este agora foi o pênalti do Baggio na final de 94. Perdão, dona Fatma, fica pra próxima.

Mas enfim, fico sussa. Minha única pretensão com esse emprego era mesmo ter como me sustentar no ano que vem (acredite ou não, eu sou diferente dos outros no tocante a pretensões empregatíceas e salariais). Agora essa se torna a última preocupação. Veremos, veremos...

sábado, 16 de agosto de 2008

Terra sem lei

É amanhã. Vamos ver no que vai dar. Eu soube quinta feira que o doutorado em ecologia não vai sair aqui na UFSC ano que vem. Se soubesse antes, talvez tivesse estudado mais. Que seja. Eu não apostaria alto em mim, mas também não me tiraria facilmente do páreo.

Meu desempenho amanhã será calculado pela seguinte fórmula:

TA = TQ - QM - OQ . (TE)

onde

TA = total de acertos
TQ = total de questões (50)
QM = questões de matemática
OQ = outras questões
TX = índice de erro para outras questões

Em suma, estudando descobri isso: se tiverem 5 questões de matemática, minha nota máxima poderá ser 45. É uma lei e não posso fazer nada contra ela.

Em compensação, no último exercício de português que fiz, mais geral, meu índice de acertos foi de 70%. Uma bela diferença em relação ao índice de 30% de acertos em análise sintática (lembrem-se que o esperado, para chutes aleatórios em questões de cinco alternativas, é 20%).

Agora me digam: por que capitão se pluraliza como capitães, e ermitão com ermitões, em vez de ermitães? Observem a estrutura da palavra. É idêntica. Só se houver alguma regra obscura sobre plural de palavras que começam com vogal ou não. Se é que há alguma regra. Língua portuguesa, terra sem lei. Ou com um sistema de leis tão amplo que acaba como em toda burocracia: ninguém entende nada. Mas não dá para levar a sério uma língua onde "ajjetivo biforme" não é aquele que tem duas formas (e sim o que é invariável) e champanha é uma palavra masculina (champanhe tudo bem... mas "o champanha"??).

Tem aquela piadinha que falam que americano é mais esperto porque já nasce sabendo falar inglês. O caralho. Nós que somos foda por conseguirmos nos comunicar ainda com uma língua absurdamente irregular como essa.

Enfim, Jesus, reze por mim. Ou para mim? Ou para eu? Affffff.......

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Mitos urbanos

Tão interessante ver até onde a especulação da galera vai... Saiu as demandas para o concurso da FATMA e pode-se observar um intenso "efeito Floripa é impossível, vou pro interior". A relação candidato por vaga das vagas em Florianópolis ficou abaixo de 80 por vaga, enquanto em cidades como São Domingos, São Miguel do Oeste e São Franciso do Sul, foi para bem mais de 100. Floripa ficou só atrás de Caçador, Siderópolis e Criciúma (!). O que se percebeu claramente foi o efeito "biólogo odeia burocracia", onde as coordenadorias e sedes administrativas ficaram comendo a poeira das unidades de conservação em relação à demanda. Isso explica grandemente o fato de terem menos candidatos por vaga na sede em Floripa que em parques em Botuverá ou Concórdia (o parque do Tabuleiro, em Palhoça, cumpriu a previsão de cento e lá vai pedrada candidatos por vaga).

Enfim, análises numéricas à parte, o que me interessa disso é: sim, é possível! Então, desprovido de desculpas para eu mesmo (fica apenas a do "não é um sonho de carreira mesmo..."), resta voltar à matemática. E à legislação. E aos ensaios de toxicidade de efluentes e de produtos solúveis e insolúveis com organismos de diversos tróficos...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Concurso II - A missão

Na primeira vez, ele lutou contra as adversidades, mas acabou derrotado. Agora, diante de uma missão muito maior, ele busca vingança...

Oh, yeah, man. Começa o intensivo para um novo concurso. Salário maior, vagas nem tanto, ementa complexa e previsão de alta disputa. Tudo para virar biólogo da fundação ambiental do estado. Ou, mellhor, como pensam todos os concursistas: tudo para ter emprego estável, depois se a gente passar se preocupa com qual é o trabalho.

Mesmo porque as atribuições dos cargos nos editais sempre são um primor de precisão. Vejam o deste:

Biólogo: Realizar pesquisa sobre todas as formas de vida, efetuando estudos e
experiências com espécimes biológicos; Incrementar os conhecimentos científicos e
descobrir suas aplicações em vários campos como em medicina e agricultura; Realizar
estudos e experiências de laboratório com espécimes, empregando técnicas como
dissecação, anotando e avaliando as informações obtidas; Anotar, analisar e avaliar as
informações obtidas, empregando técnicas estatísticas; Fornecer dados estatísticos e
apresentar relatórios de suas atividades; Emitir laudos e pareceres sobre assuntos de sua
área de competência; e Executar outras atividades compatíveis com o cargo.

O último tópico é simplesmente genial, não? Além de pesquisar, analisar e relatar pesquisas sobre todas as coisas vivas do universo (observe que o edital não especifica "vida terrena"), ainda fazemos tudo o mais que seja compatível com nosso cargo (presumo que isso abra possibilidades para a tarefa "esfregar o chão" - não é "manter o local de trabalho limpo" uma possível atribuição do cargo?).

Esse concurso tem uma sére de vagas espalhadas pelo estado, incluindo megalópoles como São Miguel do Oeste e Canoinhas. Claro que, como eu gosto de me ferrar e depois reclamar da vida, escolhi a administração central em Florianópolis. Pelo menos penso que muita gente preferiu fugir da burocracia e tentar as vagas disponibilizadas nos parques da região. Ou não. Mas enfim, na administração central são duas vagas, nos outros lugares só uma. Oba, concorrência diminuída pela metade, talvez fique só pelos 100 por vaga!

Bom, enfim, está na hora de começar a estudar matemática, legislação ambiental, estatuto do servidor público e ensaios de toxicidade de efluentes e de produtos solúveis e insolúveis com organismos de diversos tróficos.

Como diria o sábio...

... não sou a Globeleza...

... mas lá vou eu!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Resenhas do dia

Hancock (filme - 2008)

Qual a idéia que temos desse filme a partir do trailler? Filme de ação / comédia com um anti-herói que destrói tudo pelo caminho ao tentar salvar alguém, mas passa por um momento emocional com pianinho de fundo e acaba se regenerando num final açucarado, certo? Quase lá. a única diferença é que este é apenas metade do filme. Ok, o começo é exatamente como o descrito acima. Não que isso seja ruim, pois a idéia de um super-anti-herói porra louca abre possibilidade para uma série de ótimas (e algumas nem tanto, naturalmente) piadas que fazem qualquer sala de cinema cair na gargalhada. E é uma bela sátira aos típicos filmes de heróis que devastam meio mundo para salvar a mocinha / se vingar / capturar o bandido. O problema de muitos filmes é que eles são extremamente previsíveis e param por aí. "Hancock" é uma agradável supresa, sendo muito mais que o esperado. Existe uma história, existem explicações, existem reviravoltas. E a parte visual também não decepciona (particularmente a Charlize Theron, gatíssima como nunca - ah, sim, os efeitos também). Acredito que o filme possa agradar a todo tipo de público, desde aqueles que querem diversão visual acéfala até quem prefira mais substância (assisti com meu pai e minha mãe e nós três gostamos, mesmo com gostos cinematográficos completamente distintos). Se há um considerável defeito em "Hancock" é sua curta duração, menos de uma hora e meia. Há bastante substância que poderia ser melhor explorada e, por que não, mais cenas engraçadinhas que poderiam ser incluídas. Assim, em alguns momentos a história acelera um pouco demais, não conseguindo criar o clima ideal para algumas cenas. Conclusão: o filme é bem mais do que se espera, mas poderia ser bem mais do que é (entendeu?). Meia horinha a mais faria uma bela diferença, mas continua sendo uma boa opção que recomendo a todos. NOTA: 8,0

sábado, 12 de julho de 2008

Semanada na terrinha

Estarei em Blumenau até segunda feira, mais ou menos. Não sei como esta de net lá, mas devo ficar mais incomunicável.

Depois de 1 minuto parado tentando pensar em algo a escrever, chego à conclusão que não tenho nada a dizer. Passar bem.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Milionário!!!

Bolsistas do país, celebrem! Estamos ricos! O governo atrasa, promente, não cumpre, mente, mas no fim dá a nossa tão esperada esmola. Agora tá até vontade de fazer doutorado...

Mas eu entedi o recado, Lula. Era só eu voltar a trabalhar de verdade para ganhar o aumento. Beleza, estamos acertados. Perdão aos colegas que foram prejudicados por conta disso. :P

Mas agora ao menos vai dar para voltar a guardar aquela graninha no fim do mês. Porque ultimamente tava foda. Malditos vícios... (vocês sabem bem o que)

Enfim, novos posts não-inúteis em breve. Até mais!

terça-feira, 17 de junho de 2008

De banhos, carros e carnes

(Esse não é um artigo elaborado, foi um texto de supetão que acabou crescendo. Pretendo melhorá-lo posteriormente)

Uma pequena brincadeira com números, por conta do inverno e seus (ou melhor, meus) banhos demorados. Nenhuma fonte bibliográfica complexa aqui, apenas dados de internet, então todos os valores podem estar errados. Mas os erros apenas deverão alterar os resultados um pouco para mais, um pouco para menos. A lógica permanecerá a mesma.

Um banho de 30 minutos (como os meus no inverno) consome cerca de 270 litros de água (possivelmente calculados a partir de uma ducha decente).

Uma pessoa normal, digamos que tome banhos de 10 minutos no inverno. Isso dá um terço do meu, ou seja, 90 litros. Ficam 180 litros de diferença.

Uma camisa de algodão, em todo seu processo de manufatura, consome 2,7 mil litros de água. Não achei dados para um casaco, mas levando em conta que o peso em algodão é pelo menos o dobro, com o dobro de fibras para ser corada e trabalhada, chuto que a quantidade de água também deva dobrar. Vamos deixar em 5 mil litros, para arredondar. E vamos deixar uma calça aproximadamente pela mesma conta.

Eu compro poucas roupas. Neste inverno, não comprei nenhuma além das que já tinha. Digamos que eu economizei dois casacos e uma calça, em relação à maioria das pessoas (aquelas que tomam banhos de 10 minutos). Isso me dá um "crédito" de 15 mil litros. Vocês podem argumentar que calças e casacos são bens duráveis, então teoricamente valeriam para muitos anos. Sim, com certeza. Mas acredito que dois casacos e uma calça seja uma estimativa razoável de quantas roupas de inverno as pessoas comprar POR ANO.

15 mil litros dividido pelos 180 litros de diferença entre cada banho de 30 e de 10 minutos = 83 banhos. Praticamente o sufuciente para os três meses de inverno. Sem contar a lavação das roupas, mas acredito que seja uma quantidade pouco expressiva.

Querem brincar mais um pouco com números da água? A quantidade de água recomendada para beber num dia varia bastante, mas geralmente entre 2 e 4 litros. Vamos ficar com a estimativa máxima, 4 litros.

Com um banho de 10 minutos a menos no mês, você economiza 90 litros de água. Isso equivale à água bebida de 22,5 dias.

Com uma camisa comprada a menos por ano, você economiza 2,7 mil litros de água. Isso equivale à água bebida de 675 dias. Em 365 dias, você teria 7,4 litros de água por dia.

Então, se você deixar de tomar um banho por mês, tem praticamente toda sua água do mês inteiro para beber. E se comprar uma camisa a menos no ano, pode beber água à vontade naquele ano. Dá até para beber 4 litros por dia e tomar 7 banhos de 20 minutos adicionais ao longo do ano! ***

Moral da história

Qual a lógica de estar falando tudo isso? Bem, há duas coisas importantes que podemos extrair dessa brincadeira.

Primeiro: o mundo não vai acabar por falta de água. A água é necessária para praticamente tudo o que fazemos, mas o que menos consome de tudo isso é exatamente o único imprescindível: beber. Mesmo se agora baixassem uma lei dizendo que cada habitante da Terra tem direito a consumir apenas uma quantidade X de água, ninguém precisaria se preocupar em passar sede. Pequenos ajustes aqui e ali permitiriam a todos ainda encher a cara de água à vontade.

Segundo, e o mais sério: percebemos como as atitudes "ecológicas" ambientalistas mais "pop" são as menos significantes. todo mundo vai sempre dizer em tudo quanto é canto que para salvar o mundo, você deve fechar torneiras, tomar banhos rápidos e apagar as luzes. E, cada um fazendo sua parte, as coisas poderão melhorar.

Só um probleminha: a "parte" de cada um. O foco está em coisas que sim, fazem diferença (qualquer diminuição de uso faz alguma diferença, mesmo que medíocre). O problema é que são diferenças muito pequenas diante de algumas coisas que não percebemos. O consumo é a maior delas. A maioria do público tem visão estreita, se vê uma camisa, não pensa no recurso "água" ou "energia". Talvez pense em "área de plantação de algodão", mas não chegará no "matas derrubadas para plantar". Nas discussões, percebe-se como o impacto do uso de um carro é traduzido em valores com consumo de gasolina, barulho, espaço físico em avenidas... Mas o próprio custo de produção e manutenção, em recursos basais como água e energia, é ignorado (mais números não-confiáveis de internet - a produção de 1 litros de gasolina consome 2,5 de água). Os vegetarianos há um tempão berram que um bife consome uma tonelada de água (literalmente) e, embora se baseiem também em números de internet, como eu, também sua lógica não deixa de estar certa.

As atitudes que mais impactam o ambiente não são percebidas, não são divulgadas, não são "pop". Tudo porque levam a consequências não-"pop": se quer economizar recursos, diminua consumo. Diminua a produção (uma camisa é um nada em água perto de um computador, por exemplo, e não é incomum uma pessoa trocar de computador num período mais curto do que usará uma camisa). Compre menos, produza menos. Quem quer ouvir isso hoje em dia? Mesmo porque diminuir o consumo e a produção leva a menos empregos. Qual a solução? Menos gente para precisar de emprego. Menos crescimento populacional. Menos filhos, já que mais mortes é o que ninguém quer.

Mas isso que é o importante. Cada biólogo, ecólogo, ou ambientalista, vai te dar uma lista imensa de problemas no mundo. Alguns dirão que a genialidade humana vai vencer tudo. Outros falam que, se não voltarmos à idade média, nosso destino estará selado. Eu vejo todos, e digo de boca cheia, todos os problemas relacionados com uma mera variável: crescimento populacional.

Mas, assim como o custo em água de uma camisa, o crescimento populacional não é "pop". Suas soluções incomodam até quem demoniza o aquecimento global (que já virou "pop"). O movimento ambientalista está em grande parte cego, apostando nas coisas erradas, perdido em radicalismos sem sentido ou utopias desenvolvimentistas. Tem pouca gente que sabe falando, mas muita gente ouvindo e achando que sabe. Mas não é difícil: vamos pensar em todas as variáveis. Expandir as mentes. Tomar atitudes mais consistentes. Senão, o "mundo" (leia-se: "o esquema geral atual de organização social humana", não mais que isso) não tem salvação.

Se acho que conseguiremos?

É claro que não.

Afinal, eu ainda como carne e tomo banhos de 30 minutos.


*** Existe uma infinidade de custos agregados a cada uma das atividades citadas, e todas podem ser convertidas em água, ou melhor, em energia. O chuveiro, todo mundo sabe, consome energia pra caramba, o que pode resultar em mais hidroelétricas ou mais rios poluídos por outras usinas de energia. Mas as roupas também consomem energia, assim como o tratamento de água para beber. Como isso aqui é apenas um exemplo tosco para embasar uma discussão, vamos ficar apenas na variável "água".

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Resenhas do dia - filmes em cartaz

Em primeiro, hoje passou o trailler do Arquivo X II. Dá para ficar morrendo de expectativa... e medo. Vamos ver no que vai dar. Em segundo...

Fim dos Tempos (filme - 2008)

Poucos são os diretores que me fazem querer ver um filme só por conta do seu nome. George Romero, Stanley Kubrick, talvez mais um ou outro... e M. Night Shyamalan. O cara me arrebatou (assim como a meio mundo) com "O Sexto Sentido", seguiu firme com "Corpo Fechado" e ganhou o jogo de vez com "Sinais". Depois vieram "A Vila" que, embora bom, não foi aquilo tudo, e "A Dama da Água", capaz de agradar só aqueles que adoram uma boa história fantástica mesmo (onde me encaixo - mas confesso que não estava prestando muita atenção no filme quando vi...). E agora, esse "Fim dos Tempos" (título cortesia dos nossos admiráveis tradutores nacionais para o original 'The Happening" - algo como "O Acontecimento").

O estilo do diretor está intacto. Um filme relativamente "parado", alguns momentos de ação mais desenfreada, nada mais. A tensão predomina sobre o esporro. As tomadas de câmera não usuais ou estáticas também estão ali, e também o típico e abominável uso da câmera lenta nas partes emotivas.

O filme começa com tudo, tensão lá em cima. Depois dá uma acalmada e demora um pouco para retornar ao rumo. A história é bem imaginativa, mas é muito fácil sacar tudo logo de início (pelo menos eu saquei, e não foi difícil). E possui frases e idéias capazes de criar caretas em qualquer biólogo / cientista (e não estou falando da parte "ficção científica", essa é primorosa). Os personagens são estranhos (a "mocinha" é muuito estranha), fazem e falam coisas estranhas, tudo para deixar o espectador o menos confortável o possível com os seus supostos "heróis" ou "vilões". Essa é uma característica dos filmes de Shyamalan que curto muito.

O "durante" do filme é legal. Porém, o final é muito ruim. Tem quem não gostou do final de "Sinais" porque "o monstro aparecia". Eu achei excelente: já era cliché não se mostrar NADA no final. Mas o final deste "Fim dos Tempos" é muito cliché (não, nada a ver com o caso do "Sinais", pode deixar). O diretor teve tudo na mão para criar um final ótimo, e em vez disso fez o filme acabar insosso (se você ainda não viu o filme, não leia "o final que deveria ser", após a nota).

Então, esse é o novo filme. Não é o melhor da carreira do cara. Talvez seja o pior. O que não quer dizer que seja ruim. Como eu falei, o "durante" é excelente. Mas perde alguns pontos por causa do final.

NOTA: 7,0.

(pare de olhar!)

O FINAL QUE DEVERIA SER: seria tão fácil acabar o filme na hora em que o "mocinho" sai da casa para encontrar a "mocinha" no meio da ventania, os dois andarem até um ao outro, toda aquela emoção... e então simplesmente pararem, como todas as pessoas afetadas. Pronto, fecha a cena, créditos. Em vez disso, temos um final feliz e, o cúmulo dos cúmulos dos clichés, aquela cena final que diz "hohoho, ainda não acabou!"...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Resenhas do dia - filmes em cartaz

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (filme - 2008)

Os rumores de um quarto filme da série vinham de anos, e eu sempre brincava: "vão fazer com o Harrison Ford de bengala". Afinal, o cara já não era muito novo na época dos originais (já era quarentão na época da Ultima Cruzada). Eis que o rumor toma forma e o filma aparece. Como o usual, há um misto de empolgação com cautela: sempre é bom ver nossos personagens favoritos de volta (e Indiana sempre esteve entre meus primeiros), mas será que teremos algo mais que um caça-níqueis se valendo de glórias do passado?

Bem, posso dizer que, neste caso, felizmente não. O filme evita um tom saudosista, de "grand finale", e não depende de referências a aventuras passadas para cativar o espectador. Na verdade, isso nunca aconteceu nas aventuras de Jones, elas sempre foram relativamente independentes umas das outras. Imagine tentar se basear nisso 17 anos depois do último filme... Alguns personagens retornam, há algumas referências aqui e ali, mas nada que vá deixar algum alienado que nunca viu um filme da série viajando. Tampouco abrir aquele sorriso de familiaridade nos rostos de fãs da série.

Primeiro de tudo, o que mais interessa: o personagem principal. Sim, temos quase o mesmo Dr. Jones de sempre. Harisson Ford está muito bem para sua idade. As piadas do personagem e do enredo às vezes não são tão fluidas quanto antes, mas ainda divertem bastante. O resto dos personagens faz o seu papel de sempre, caricatos e previsíveis em seus papéis. Sim, eles sempre foram assim, e não é agora que Spielberg e Lucas iriam mudar as coisas. O único destaque negativo vai para Mac, o companheiro de Jones no início do filme, que apresenta mais reviravoltas do que o aceitável.

Bem, a trama. Esta é como nos outros filmes da série: uma sequência infindável de elementos, lugares, viajens, referências mitológicas, etc. Alguém que não curte muito a coisa vai ficar perdido. Ou bocejar nos momentos em que há mais falação do que ação. Que bocejem, eu adoro tais momentos. Mesmo porque geralmente eles contêm elementos de tensão, quando os diálogos ocorrem numa cripta escura atulhada de esqueletos que a qualquer momento podem sair passeando. Os lugares são tudo aquilo que esperávamos: cavernas, criptas, florestas, templos, etc. São paisagens mais espetaculares que as dos filmes anteriores, mas hoje em dia computação gráfica demais cansa. Hoje em dia é mais fácil fazer um macaco ou roedor computadorizado do que filmar um treinado, e os filmes perdem muito com isso, na minha opinião.

Por fim, a ação. Temos novamente as cenas longas e recheadas de piadas, além dos momentos desnecessários que qualquer filme de ação / aventura contém. Nada fora do usual. Uma diferença é que a evolução dos efeitos especiais permite que os personagens façam coisas realmente absurdas, em contraste ao heroísmo mais comedido dos tempos passados. Alguns momentos são destaque negativo, como o personagem Mutt e os macacos da floresta. Você pode pensar "pai do céu, uma fria atrás da outra!" ou "ei, é uma aventura, vamos nos divertir!". Neste caso, assumi a segunda, embora me incomode um pouco com a primeira.

Um comentário extra sobre a história: ela lida com elementos já utilizados na mitologia do personagem. Quem já jogou o excelente adventure "Indiana Jones and the Fate of Atlantis" vai saber do que estou falando. Infelizmente, por ser um jogo, e não um dos filmes, Lucas e Spielberg decidiram não fazer nenhuma relação ou referência à história de "Atlantis". Por sinal, é uma das melhores do personagem, vale a pena até para quem não tem paciência jogar com uma folhinha de soluções, só para curtir a aventura.

Finalizando: não, não é nada genial. E deve ser o último mesmo. Não contém nenhuma reviravolta inesperada, nenhum final surpreendente. É apenas mais do mesmo, com um pouco menos de inspiração na parte intelectual e mais elaboração na visual. Vá sem medo, embora sem esperar muito. No mínimo, atiça muito a vontade de alugar a trilogia original e fazer uma Sessão Indiana em casa.

NOTA: 8,5.

sábado, 31 de maio de 2008

Desmatamento

Mais uma das escassas matas intactas do nosso mundo foi devastada hoje. Depois do banho fiz a barba, olhei para o cavanhas, o cavanhas olhou para mim... e olhou atravessado! Tesoura nele! Primeira vez que meu queixo recebeu luz desde que foi coberto originalmente por barba. Mas esta não se rendeu tão facilmente: não importa o que eu fizesse, a área insistia em permanecer azul. Mesmo assim, olhei no espelho e o Félix do segundo grau estava ali, de olho. Deu vontade de ir na Rivage e tomar uma Bambuzinho.

Um fenômeno interessante ocorreu simultaneamente: meu nazir cresceu. Sim, ainda mais! Sem o cavanhas para competir pela atenção, de repente meu bico de cartilagem deu um salto para frente e quase quebrou o vidro do espelho. Yeah, man, ficou estranho, muito estranho...

Assuntos capilares à parte... Parece que o Santuário se tornou aquilo que não era para ser, inicialmente: o tradicional blog-diariozinho. Lembram-se que houve uma época, perdida no passado, onde por aqui pululavam resenhas, ensaios, poesias... Bem, aquilo que é literário, está sendo postado no Duelo de Escritores. Poesias quase não escrevo mais. Ensaios? Comecei alguns, terminei nenhum. Resenhas? Quem sabe eu deva voltar a escrever algumas sobre discos, livros e filmes que ninguém conhece, só como exercício mesmo... Pelo menos o Indiana Jones está aí, e merece um comentário assim que eu assistir!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Na traaaaaaavvveeee!!!!!!!!!!

Porra! Às vezes é melhor ter tomado um vareio do que não ter passado no concurso por uma questão. Uma!!! Ok, duas, tem a questão do desempate.

Em suma, fiquei em nono dos 425. Realtivamente bom, mas longe o suficiente para não ficar com esperanças de alguém desistir e ainda pegar uma vaguinha. Interessante que fui um dos quatro que gabaritaram em português. Tinha uma crase safada lá que eu sei que ninguém ia acertar...

Mas bola na trave não altera o placar. O negócio é pegar o rebote e bola pra frente de novo. Tem até que um bom número de concursos pipocando por aí. Sobreviver como biólogo não parece ser a coisa mais impossível do mundo. E sempre tem bolsas de doutorado dando sopa por aí...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Não tão bem

O concurso não foi o bicho, não. As hostes da Biologia Molecular e Bioquímica vieram com força total para espalhar terror entre os participantes, numa prova um tanto quanto desequilibrada. Enquanto as questões relacionadas com as áreas "grandes" foram simples de responder, as "pequenas" foram complexas, daquelas que mal quem trabalha com a área acerta...

O negócio é esperar o resultado, mas levando em conta que eram 423 inscritos para 5 vagas, com certeza deve ter pelo menos uma meia dúzia que foi realmente bem.

Então, ano que vem, doutorado! E viva a profissão-bolsista!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Back in black

Daqui a pouco, tou volando. Semana muito boa aqui em BH, bastante trabalho e uma festa quebra-tudo pra fechar bem. Planos para hoje? Chegar em casa meia noite, dormir 15 horas seguidas, e amanhã permanecer em retiro espiritual, tentando relembrar do que estudei semana passada, e provavelmente já devo ter esquecido...

That's all, folks!

sábado, 10 de maio de 2008

Don't cry for me, Floripaaaaa.....

Amanhã fujo do frio. Se o clima em BH estiver como no ano passado, vai ser sussa. Pena que tão pouco tempo para tanta coisa que eu queria fazer. Essa conjunção concurso-seminário da pós não foi legal. Tanto eu queria ficar um pouco mais lá em cima, quanto não queria ter uma semana para apagar tudo o que estudei até agora.

Por sinal, a parte que mais achei interessante de revisar foi a de fisiolologia animal comparada. não a da disciplina, que praticamente não existiu. Mas folheei todo o livro que comprei na época e ainda nem tinha aberto. É uma ciência um tanto quanto interessante, extremamente integradora, revisar ela é revisar bioquímica, biologia celular, zoologia, biofísica, anatomia... e fisiologia, obviamente. Podemos dizer que é equivalente, do indivíduo para baixo, ao que é a ecologia, do indivíduo para cima (em níveis de organização).

Se penso em fazer algum trabalho com fisio? Nem morto.


Vamos ver qual vai ser a desses dias, então. Félix funciona melhor sob pressão. Geralmente.

domingo, 4 de maio de 2008

De volta para o futuro

Estudar para um concurso faz a gente lembrar de cada coisa. Ainda bem que não joguei fora meus cadernos da graduação e posso recapitular monstruosidades tais como fisiologia, bioquímica e histologia de um modo mais fácil que em livros enormes... E nunca esqueçam que são os corpos cetônicos que dão o gosto de cabo de guarda chuva da ressaca!

Esta semana, estudar para o concurso.

Semana que vem, Belo Horizonte.

Depois, voltar a adiantar a dissertação, que novamente ficou um pouco esquecida.

Pelo menos, diz a CAPES, a partir do dia 1 de junho, as bolsas aumentam mesmo. E deve ser verdade, afinal, eles nunca mentiram antes, certo?

Ê, essa vida...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Diálogo de um sábado à tarde

- Félix, posso te dizer uma coisa?
- Claro.
(ela senta do meu lado e olha nos meus olhos)
- Eu acho que você realmente ficaria muito melhor com o cabelo cortado...
(surpresa)
- Tu acha?
- Uhm. E a barba também.
(eu com expressão pensativa)
- Mas tem mulher que gosta de cabelo comprido.
- Ah, mas cabelo comprido não fica bem em homem...
- Será?
- Ó, só tem dois homens que ficam bem de cabelo comprido: Orlando Bloom e Brad Pitt.
- Hum... Já visse alguma foto minha de cabelo curto?
- Não.
(mostro uma 3x4 do segundo grau)
- Mas tais molecão nessa foto, hein?
- Faz tempo que o cabelo está assim.
- O problema é que tens o rosto fino e...
(papos técnicos sobre formato de cabelo e o que poderia ser feito com ele)
- Mas não acha que combina com meu estilo? Mezzo-metaleiro, mezzo-bicho grilo, largadão...
- Não, sem essa, ia ficar melhor curto. Ai, mas que vontade de cortar ele agora!!
- Eu já pensei em cortar, sim. Mas daí eu ia voltar a ter cara de nerd.
- Mas tu não é nerd!
- Ô, se sou! Só não aparento.
- Por que tu é nerd?
- Ah, porque eu faço coisas nerds.
- Tipo?
- Ah, eu jogo rpg... e gosto de jogo de computador... era viciado em revista em quadrinhos... e sabe aquele joguinho de cartas, Magic?
- Magic?
- É.
- Meu, eu jogava isso direto quando era nova!
- Fala sério!
- Sim, adorava! Devo ter minhas cartas em algum lugar ainda...
- Que demais!
- Se eu achar elas, até posso te dar...
- Humm...
(pensativo)
- Bem, se tu me der as cartas, eu posso até pensar em te deixar cortar meu cabelo...

Não se espantem se um dia eu aparecer tosquiado...

sábado, 19 de abril de 2008

A maravilhosa cozinha dos solteiros solitários III

Prato do dia:

Risoto à brasileira

Ingredientes:

4 ovos
8 fatias de mortadela
1 maço de salsa
óleo de soja
azeite de oliva
tempero completo para peixe
tempero completo com sal e pimenta
arroz a gosto

Modo de preparo:

Pique a mortadela e a salsa em pedaços. Em uma panela, frite o arroz com o óleo. Adicione água, a mortadela, os temperos e cozinhe até a água secar. Prepare os ovos numa frigideira anti-aderente, mexendo bem para os pedaços ficarem bem pequenos. Adicione ao arroz, junto com a salsa e o azeite de oliva, e misture bem. Sirva acompanhado de Coca-cola, para empurrar o troço pela garganta.

Dicas: o tempero completo para peixe pode ser substituído por curry, mantendo o arroz amarelado (é vital para o nome do prato). Se sobrar comida, é possível utilizar o prato como reboco nas obras da casa.

sábado, 12 de abril de 2008

Auxílio-balada negado!

E nada de aumento... Os ansiados 20% que tinham sido prometidos nada mais fizeram do que dar uma leve esperança para nós, pobres bolsistas. Pelos corredores sussurram a palavra que causa calafrios em qualquer um que foi petiano tempo o bastante: "retroativo"... E começa a tempestade de boatos: o aumento vem, no final do mês; o amuento vem, na metade do ano; o aumento não vem; o Lula vai entregar o aumento pessoalmente a cada bolsista; e por aí vai...

É, meus velhos, se tem uma coisa que a gente aprende na universidade pública é: só acredite no governo quando os números aparecerem na conta. Eu já sou escaldado, mas deve ter nego que se estrepou por conta disso. Será uma boa temporada para comprar geladeiras, máquinas de lavar e etc. quase novas a preço de banana!

domingo, 6 de abril de 2008

Adeus ao romance

Texto do Duelo de Escritores desta rodada (tema: amnésia). Conteúdo um pouco mutilado para favorecer a forma. Mas, como o usual, não ficou nem pra um lado, nem pro outro, mas em algum lugar indefinido no meio do caminho...

Não mais o mesmo ser, não mais como era viver. A lua segue a mesma, as estrelas estão no mesmo lugar. Mas não o observador. Alguma coisa está perdida, ou matada, ou morrida. Relatividade? Sim, não mais me alegro de verdade. Onde estão aqueles sonhos, o apressado bater do coração, a linda, amada e desejada doce depressão? Já eram. Au revoir, velhos amigos, divirtam-se no asilo. O mundo me ensinou que de utopia e devaneio o inferno dos poetas está cheio. Saturado, talvez. Há ainda algum modo não falado de poetizar um coração cortado? Sim, tão importante para quem sente, o sentido da vida em versos. Tão banal para quem lê, papel útil apenas para escrever no verso. Como dizia mesmo a música? Adeus ao romance, ao romantismo. Um homem pode mudar o mundo? Sim, sussurra o idealismo. NÃO, grita o pessimismo. Não mais morrer por uma idéia, não mais matar por um amor. A mente pode fervilhar, mas os membros estão lesos pelo frio exterior. Oh, merda, não é mais o brilho dos olhos que me guia o destino, mas amarelos dentes emoldurados por sorriso cínico...

Eu gostaria de poder ficar cego para tudo o que carrego. Aquilo que o mundo me mostrou, e que a chama interna mutilou. Fogo ou brasas? Não, cinzas e fumaça. Por que enxergar a facilidade com a qual abrem as pernas para fugir de suas trevas? Aqueles que, uma faca na mão e um sorriso complacente, disseram ao demente: "temos que levar em conta a nossa verdade deprimente!". Ver (e sentir, ah, sentir!) que um amor exposto não pode mudar o coração do outro, e que de jogos e mentiras é que se faz a vida. Eu gostaria de esquecer de tudo... Amnésia psicológica, e desta vez não alcoólica. Mas eu tenho os olhos bem abertos, eu sou cientista, eu sou cético. Após ter saído da caverna, as sombras deixam de ser só elas. Sei que só mãos e bocas que mudam o universo, só em prosa, nunca em verso. Corações e mentes? Limitados, dependentes. Me obrigo a ver as coisas como elas são, independente do que versa minha oração. Então heroísmo é egoísmo, e amor apenas reprodução. É por isso mesmo que eu queria uma lobotomia, ou qualquer outra cirurgia, de mente ou de espírito. Que me arranquem da cabeça esta maldita consciência. Me dêem a bênção da ignorância, esconjurando a pobreza e a ganância. E despido o conformismo, me façam verdadeiro, para reavivar o idealismo e - quem sabe - ser feliz por inteiro...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Resenhas do dia - filmes em cartaz

Umas resenhas, que há tempos não davam as caras por aqui... Um comentário: o mangue que me desculpe, mas os cinemas do Iguatemi são muito foda. Os melhores que já fui aqui em SC, disparado (ainda não fui nos do Floripa Shopping para comparar). Perdão, jacarés!


10.000 A. C.

Quem viu o trailler, já sabe o que esperar do filme. É um daqueles onde o único momento cerebral dos produtores foi: qual cenário ainda não explorado vamos usar para entupir de efeitos especiais? Então tiram da gaveta o roteiro-modelo de aventura épica, preenchem as lacunas e pronto, aí está. Às vezes consegue ficar bom, em outras o resultado é medíocre (vide "Apocalypto" - um dos poucos filmes que não consegui assistir até o final). Mas vale a pena arriscar pois, no mínimo, se terá um pouco de diversão visual acéfala. Foi nesse espírito que fui ver "10.000 A. C.", e minhas expectativas foram satisfeitas. Ou seja, visual e cenas de ação, nada mais. E nem estas se destacam em meio à enxurrada dos últimos tempos. No resto, o filme chega até a ser tedioso em alguns momentos, nada de surpresas. E, claro, nunca custa avisar: veja o filme inteiramente como uma fantasia. Nada que lá aparece é histórico: animais em lugares e épocas erradas, tecnologias completamente fora de contexto, humanos primitivos com mentes e conceitos modernos. Em suma: não vale a entrada, a menos que você ainda se divirta incrivelmente com cenas de ação computado(pasteuri)zadas... NOTA: 6,0.


O Orfanato

Quando fui no cinema ver o filme acima, vi o cartaz de "O Orfanato", que nem sabia que estava passando. Gênero? Suspense, interessante. Li a chamada. Suspense sobrenatural? Melhor ainda. E daí vi o nomezão em cima do título. Guillermo del Toro? Opa, agora sim! Afinal, é o cara que foi responsável pelo maravilhoso "O Labirinto do Fauno". Mas atenção: é o truque que estão usando direto agora. Se o produtor é conhecido, botem o nome dele com todo destaque no cartaz, e o do diretor em segundo plano (sim, "O Albergue" não é do Tarantino). Mas tudo bem, se percebi e não fui enganado, pelo menos funcionou ao chamar minha atenção. E valeu a pena! A história é meio clichê, mas os elementos são utilizados de uma forma excelente. É igual a ouvir aquela banda anos 80 soltando um disco à moda antiga, mas com o som completamente revigorado. Não é de se colocar o filme num pedestal, entretanto: a primeira metade é muito parada, com alguns momentos tensos um pouco forçados (à exceção de um - ah, aquele menininho com saco na cabeça...). Mas ao se deparar com a aparição de nada menos que o Seu Barriga (não, não estou brincando! Mas o Chaves não aparece, infelizmente...), se preparem, pois é aí que a coisa começa a pegar. Segue-se uma cena extremamente tensa, mais algum drama, e depois um final simplesmente espetacular (e olha que sou calejado no tocante a finais de filmes de terror). Novamente, talvez nem tanto pelas idéias em si, mas pelo modo como são executadas. Um outro porém são as duas cenas finais, completamente dispensáveis. Mas são curtas e não atrapalham (e fazem o papel de explicar aos muito burrinhos o que aconteceu). Um mérito adicional é que, sendo uma produção não-hollywoodiana (o filme é espanhol), o filme possui alta qualidade estática, mas usa de pouquíssimos efeitos especiais para criar o suspense. Então, este sim vale a pena o ingresso, vá sem medo (se você gosta de suspense sobrenatural, é claro). NOTA: 8,5.

Life goes on...

É, galera, quem disse que trabalho teórico é moleza? 100 artigos para revisar, e olha que isso é pouco (há perspectivas de aumento na amostra). Além de tudo o que já li e ainda vou ler. Afinal, além de dizer o que tenho que dizer, tenho que dizer por que eu disse (sacaram?). E na base de tudo isso está explicar por que as escolhas morais mais basais das culturas humanas se apóiam em bases frágeis e deveraim ter outras? Pretensão? Ouié. Mas tudo o que é relacionado a ambientalismo contém uma dose de utopia e idealização. Afinal, é uma ideologia, não? E qual a base das ideologias senão as idéias? Depois a gente confronta elas com a realidade e vê como elas podem se encaixar...


Ah, agradeço ao pessoal pelo retorno positivo em relação ao "Vida Diária?". Graças a isso vou editá-lo e colocá-lo no jornal da biologia deste ano. É bom ver que ainda existe uma mente pensante tentando se desatolar do poço da preguiça...

sábado, 29 de março de 2008

Poetry and beer...

A cerveja é o alento da poesia... Ela acaba com qualquer padrão e critério, e fica tão fácil cuspir palavras no papel. Nada precisa fazer muito sentido. E no fim sempre dá pra lapidar melhor o delírio depois... :)

Uma poesia??

Depois de muito tempo, desde o agora longínquo Congresso de Eco, eis que surge uma poesia... Daquelas escritas de supetão, no morrer da noite, almágama de desatinos e invenções...

LXLVI. Retorno
29/03/08, 4:40

O bom e velho retorno solitário
Velho caminho a um novo Santuário
Novamente a solidão, passos dentre a vastidão
Onde devaneios e delírios levam à nova ação

No caminhar os pensamentos, tão tristes alentos
Para sonhos só sonhados, oníricos eventos
A mente paira insana, sobre um mundo a sentir
Ruínas e relíquias de um ato a nunca vir

Na noite o Caminhante Solitário admira as estrelas
Em sua eterna busca, suas mais fiéis companheiras
Ele pensa e titubeia, se no sonho insistir
Ou render-se à realidade, esquecer-se e sorrir

(um carro passa ao lado
um insulto inesperado
o Caminhante nem se importa
com tal mente suja e morta...)

Em meio ao passo ele recorda
De como ela atinge suas notas
Um sorriso para cada riso
Sua companhia, seu motivo

Em meio à treva ele se indaga
Por que ante ela sua voz trava
Tanta panacéia quando não há mágoa
Mas naquele então ele se aquieta e cala

Tão simples lhe parece no retorno solitário
Como seria fácil fazer tudo ao contrário
Então ele sorri, ante sua própria mente insana
Seria tão difícil dizer-lhe o quanto ele a ama?

Tão palpável, noite fria, Deus e Diabo já sabiam
Confessar-lhe a ousadia, como numa poesia
Mas o ar já não se move, a musa já dormia
Quando o Caminhante se consola, dentre sua ironia...

(Um terreno lodoso onde é arriscado pisar
Um jogo de sutilezas onde é perigoso tentar
Nenhum lado se rende, ninguém vai admitir
Outra noite se esgota, às paixões só resta dormir...)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Vida diária?

Novas reflexões sobre vida e morte - 26/03/08


Ontem foi meu aniversário. Há exatos cinco anos, no mesmo dia 26 de março, inspirado pelo espírito de "um ano a menos de vida, um ano a mais de morte", eu sentei diante do computador para escrever "Morte Diária". Era um conto filosófico. Conto no sentido de que propunha e descrevia o desenrolar de uma situação: um cara sentado diante do PC, sentindo uma amargura imensa e precisando descarregá-la em forma de escrita. E filosófico no sentido de ter sido uma síntese das reflexões sobre o sentido da vida e da morte que vinham se acumulando no ano anterior. As conclusões filosóficas eram claras: pressupondo-se que a morte é o fim absoluto e definitivo da vida, esta não tinha "sentido", tanto menos a morte. Não havia porque viver, ou morrer, pois todas as realizações e pensamentos de uma pessoa se encerram com sua morte, e esta pode ser atingida a qualquer momento, sem permitir qualquer segunda chance ou arrependimento. Permanecer no primeiro estado era uma simples questão de inércia, enquanto pular para o outro, uma simples questão de escolha. Tais pensamentos se tornaram um dos guias de um sistema filosófico pessoal, sempre como uma sombra cobrindo qualquer outra atitude, escolha ou objetivo.

Semana passada, segunda feira. Um dia nada especial. Na hora do almoço, um estalo do nada. Não, não um fabuloso insight obscuro, uma revelação inesperada que fez uma luz do céu cair diretamente sobre minha cabeça, acompanhada de um coro celestial. Sabem quando há tempos parece que algum pensamento está se formando na nossa cabeça, e de repente ele simplesmente aparece em toda sua obviedade? Ele já está ali, mas por mil motivos a cabeça permanece nos velhos conceitos, até que *puf*, tudo muda.

O estalo foi simples e está aí, para quem quiser ver, notadamente na literatura científica. Tem como pressuposto admitir que a vida é um processo físico-químico que gerou um sistema que chamamos de "orgânico". E assim como os sistemas físico químicos evoluíram (no sentido de "mudaram com o tempo", nenhuma conotação de "melhoramento" aí) para gerar este sistema orgânico, o próprio evoluiu, mudou, diversificou-se, gerando uma miríade de variantes ao longo de bilhões de anos (entre 3,5 e 3,8, pelas estimativas atuais) que agora chamamos de "formas de vida" ou "espécies". Eventualmente, este processo gerou pelo caminho aquilo que chamamos de "mente", a capacidade de pensamento abstrato que, em uma determinada espécie de primatas, se desenvolveu de forma incomparável em relação às outras.

Admitimos, dentro da ciência, que o universo segue determinadas "regras", "princípios" ou "leis", que simplesmente fazem as coisas funcionar como funcionam, sem ter qualquer vínculo com aquilo que podemos chamar de "sentido" ou "objetivo". Faz sentido (perdão pelo trocadilho) pensar no "sentido" das leis da física? Qual o sentido da gravidade? Das forças fundamentais da física, da interação entre partículas, átomos, moléculas? As "regras" estão aí, gerando interações, processos, cujo resultado final nada mais é que o produto de tais interações e regras. Por que o céu é azul? Porque é a cor azul que tem o comprimento de onda que mais facilmente se dispersa na atmosfera. Se não fosse assim, ele poderia ser amarelo. Por que as coisas na Terra caem no chão? Porque corpos de grande massa atraem objetos para seu centro. Se não fosse assim, elas poderiam flutuar, como gatos com uma fatia de pão com manteiga nas costas.

Além das regras, existe na evolução dos sistemas o que chamamos de contingência. São coisas que não podem ser previstas, pois não são resultados óbvios e únicos das interações, mas coisas que poderiam ser de muitas formas. Por exemplo, um objeto derrubado vai cair no chão, é o resultado natural da interação do objeto com a gravidade. Mas por que temos cinco dedos? A resposta não poderia ser outra: porque não temos seis. Ou quatro. O peixe que deu origem aos animais terrestres tinha cinco raios ósseos em suas nadadeiras, que deram origem às mãos com cinco dedos dos animais (há mudanças posteriores, mas nosso estado "original" é da mão com cinco dedos). Se houvesse dez raios? Dez dedos, provavelmente. Isso mudaria o processo posterior? Certamente, e o resultado final poderia ser tanto um mundo exatamente igual ao nosso, mas onde eu estaria digitando com o dobro da velocidade, quanto algo radicalmente diferente (se não se formasse um polegar opositor nos primatas, por exemplo - tente executar algumas tarefas cotidianas sem um sar o dedão para ver...). Assim, muitas coisas dentro da evolução dos sistemas orgânicos poderiam ser explicadas desta maneira: são assim porque não são de outro modo. Não porque são "melhores" ou porque daquele jeito atingiriam um "objetivo" mais facilmente.

Aí vem o insight, possivelmente já bem óbvio para todos: a vida é um processo como qualquer outro, com bases físico-químicas. Sendo assim, é independente de qualquer pensamento humano sobre ela. Grosseiramente, podemos resumir este processo como um jogo entre replicação do sistema (reprodução) e sua evolução (as mudanças que surgem com o passar do tempo). A reprodução é uma propriedade básica dos sistemas orgânicos: uma cadeia de ácidos nucléicos (que formam nosso DNA e RNA) irá se replicar se o ambiente fornecer condições para isso, seja num tubo de ensaio ou numa espécie de pássaro. A vida não "precisa" de nada que nós, humanos, conceituamos como "sentido". Agora entendo melhor uma idéia que li no "Poema Imperfeito", do Fernando Fernandéz, há algum tempo: o "porquê" da vida é o "como" da vida. Não nos preocupamos em dar algum "sentido" à gravidade. O melhor modo de entender este processo é ver como ele ocorre, e não por que ele ocorre. A mesma coisa ocorre com a vida.

Meio anti-climáxico, não? Também achei, na verdade. Tanto tempo imerso na beleza do tormento humano diante de uma vida sem sentido, só para concluir que: sim, ela não tem sentido, mas isso é a coisa mais natural do mundo. Ficar indignado diante da vida sem sentido é igual a ficar puto com céu azul, por que se preferiria ele verde. Ou dizer "droga, como posso seguir sendo feliz num mundo onde as coisas caem no chão?!?!". Não parece uma revolta muito útil, hein?

E a mente humana na história? Este processo independente que é a vida gerou algo capaz de perguntar a si mesmo o porque de tudo isso. E é aí que vemos onde está o sentido da vida: simplesmente nas nossas cabeças. Tanto os "sentidos" convencionais (religiosos, místicos, filosóficos) quanto a própria falta de sentido são produtos do nosso pensamento abstrato, nosso raciocínio. Não refletem alguma grande verdade universal, uma lei equiparável às outras, que diga "a vida tem o objetivo X, esta aí para isto". E seguimos vivendo, nos reproduzindo e evoluindo, independente do que pensemos a respeito. É fácil verificar que nossa mente é apenas uma parte (uma das principais, é claro) do nosso organismo. Todas nossas atividades fisiológicas seguem funcionando quando dormimos, ou mesmo quando o cérebro vai pro espaço (pacientes com morte cerebral podem seguir respirando e batendo o coração por muito tempo, se continuarem sendo nutridos). E concluir "a vida não tem sentido!" não faz parar imediatamente nosso metabolismo. Nosso corpo segue funcionando independente do que queira a rebelde porção de nosso cérebro responsável pelo pensamento.

Mas é interessante pensarmos como a capacidade de raciocínio extremamente desenvolvida em nós consegue influenciar no processo. Por exemplo, a taxa de suicídios deve ser maior nos humanos que em qualquer outra espécie próxima. Mesmo a vida sendo aquele processo natural e sem sentido, podemos raciocinar que a morte não é tão assustadora e dar fim à nossa existência quando bem entendermos (mais ou menos - o medo diante da morte, mesmo por opção própria, é certamente um dispositivo do sistema orgânico para sua preservação).

Conclusões de tudo isso? A vida é bela e vamos ser todos felizes, em contrapartida com as conclusões negras e insípidas de "Morte Diária"? Neca. Desvinculada de conceitos humanos, a "beleza" e "alegria" da vida, assim com sua "frieza" e "falta de sentido", também estão só em nossas cabeças. Ainda são coisas que nos encantam na literatura, na produção intelectual e emocional derivada do pensamento abstrato humano. Por outro lado, muitas das conclusões originais das reflexões sobre vida e morte seguem valendo. O suicídio ainda é uma saída fácil para a vida. Um corpo morto ainda é apenas um amontoado de matéria orgânica, não mais a pessoa querida de antes. O que esta nova reflexão me leva a concluir é que não há porque ficar pensando no sentido da vida, nem se deve pensar que existe um e já se achou. A partir de agora, vou olhar para a vida assim como olho para o lento caminhar do sol pelo céu: se me deixa feliz porque é um dia lindo, ou triste porque não estou na praia, não importa. Ele vai seguir andando, indiferente a qualquer um de nós. Resgatando pensamentos de Stephen Jay Gould, no último parágrafo de seu "Vida Maravilhosa", talvez este seja o mais interessante dos universos concebíveis: um mundo indiferente a nossos pensamentos, onde podemos ser felizes ou tristes, não por conta de algum princípio universal maior, mas segundo nossas próprias escolhas.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Equinócio e Homem-Azul-Agora

Estarei em Blumenau no feriado. Páscoa, chocolate, procurar cestinha do coelho (velhas tradições familiares nunca morrem), carteado (velhas tradições nerds idem) e afins. E as passagens de ônibus não param de aumentar...

Em homenagem ao equinócio da madrugada de hoje, uma reedição. Escrita na "borda", com muita história dali em diante...

LXXXV. Equinócio
Ciclo dos Tormentos - 25/09/06

A luz... A luz que outrora brilhava, desvanece
O calor, que antes acalentava, já não mais me aquece
Tudo se dissipa, tudo se apaga, tudo vira pó e nada
Com lentidão morosa, a vida presente se torna passada

Fim da linha, quem diria?
Bem, eu, como todos, já sabia
Uma ascensão para cada queda, um verão para cada inverno
Não há sentido - não há existência - para um Éden sem Averno

A queda, tão confortável, suave descida ao abismo
Pois no fundo não há retorno, só o vagar a esmo
Mas a beirada - ah, a borda é tão assustadora!
O limite para glória passada, não mais redentora

Saudades, ah, saudosismo!
Conversas alegres entre amigos
Onde o riso é semeado pela memória de tempos idos
E mascara o medo de horizontes de tais alegrias desprovidos

Meus amigos, meus queridos...
Em breve, corações partidos...
Não mais pessoas, não mais ilhas a serem desbravadas
Não, só serão múmias estáticas, para sempre preservadas

Pois estes tempos, e todos os tempos, são o aqui e agora
Não há mais show, não há mais jogo, quando passa sua hora
Não, o teatro vivo cessa, sobram só suas fotografias
Nas margens da estrada, camas quentes em estalagens frias

Ah, meu amor! Meu divino, verdadeiro e inatingível amor!
Já não mais me aquecerá, já não mais refulgirá em alegria e dor
Minha querida e amada, a mais ardente lembrança cultivada!
O altar sagrado numa catedral de memórias idolatradas

Passou-se o apogeu...
(e ninguém se apercebeu)
O ápice foi cruzado...
(num arrastão desgovernado)
Agora a vida é queda...
(agora a vida é treva)
Até sua final solução...
(quem sabe por sua própria mão)

...adeus, doce verão...
...venha, entre, amargo inverno...
... com lembranças crepitando na danação...
... a labareda débil em meu suave inferno...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Documentos e documentos...

Artigos. Livros. Declarações. Conferências. Estocolmo. Belgrado. Tbilisi. Rio de Janeiro. Etc., etc.

Já devem ter dito que revisar bibliografia é ler para falar o que já se sabe, mas mostrando que alguém já falou.

Avisos aos navegantes: as coisas estão mais ou menos encaminhadas por aqui. Aulas de Ecologia de Comunidades um dia por semana. Aikidô dois dias por semana (a começar semana que vem). Algumas atividades "sérias" paralelas. Uma boa quantidade de festas. Ida a BH planejada. A dissertação está andando, embora eu ainda esteja meio lerdo.

Mas posso estar sendo um pouco exigente comigo mesmo. Eu sei que dou conta das coisas, geralmente muito bem, mesmo com a insistente tendência a deixar para a última hora. Sempre poderia fazer mais, claro. Poderia ser "o" biólogo, se estivesse com todo meu empenho focado nisso. Mas nunca fui de me focar completamente em uma coisa só. Por isso vou ser um biólogo "legalzinho". Assim como um escritor "legalzinho", um músico "legalzinho", um jogador "legalzinho" e etc.

O que você prefere? Ser de tudo um pouco, ou tudo em um pouco? Saber tudo de nada, ou nada de tudo? Dedicar-se profundamente a uma coisa no presente, para no futuro distante quem sabe poder fazer outras coisas? Ou jogar com o presente e um futuro a curto/médio prazo? Valorizar as obrigações acima das escolhas, pensando que mais tarde terá tempo para estas? Ou considerar lazer e trabalho com o mesmo peso, e equilibrar sobrevivência com vivência?

Escolhas e mais escolhas, hein? C'est la vie. Ê, laia...

quarta-feira, 12 de março de 2008

The Fucking Hotspots!!!

Vejam isso...

Yes, man... We are... We just are....

(formatura da Biologia, 01/03/08)

terça-feira, 11 de março de 2008

Novidades

Agora tenho internet!

E TV a cabo! (= peso morto)

E um telefone rosa...

Que, por sinal, é 32092213.

Quem tem telefone da Net, sinta-se à vontade para ligar pra mim. Sim, todas as duas pessoas que conheço que devem tâ-lo. Diz a lenda que é de graça.

Mais notícias em breve, estou na corrida agora!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Primeiros passos numa nova vida velha

Casa montada, enfim. Falta só a internet, que chega nos próximos dois dias. Parece que vão rolar coisas interessantes por aqui nesses tempos. Sim, coisas "sérias" também, não estou falando só de lazer. Convenhamos, profissionalmente é bom estar num lugar onde se é conhecido e se conhece bastante gente...

Mas em alguns lugares, nuvens se fecham e tempestades se formam. E, como o usual, eu me preocupo mais do que deveria. Eu sinceramente acho que eu deveria me importar menos com os outros, com o que vão pensar de mim, com as mil coisas que podem acontecer mas certamente não irão. Não é irônico? Eu realmente acho que seria melhor ser mais individualista, conforme o meu discurso prega. Talvez apenas tão individualista quanto as pessoas que afirmam não ser. Enfim, não é a toa que tenho insônia crônica...

Mas agora, com uma cortina de verdade, tudo está resolvido!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

De volta mais um vez de novo

Amanhã, retorno a Floripa. Vamos ver qual vai ser a deste ano lá. Um experimento, no mínimo. E tomara que essa bunda resolva ficar sentada em um lugar por um tempinho a mais. Sim, eu não sou fã de ficar indo de um lado para o outro, caso alguém pense isso, mas...

Pretendo instalar a internet já na semana que vem, mas até devo ficar um pouco mais ausente da net. Então mochila nas costas de novo e vamos embora!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ironias do destino

Em 2005 eu fiz a minha maior viagem até o momento, quando engatei o Congresso de Herpeto em Belo Horizonte com o Enapet em Fortaleza. Foi muito massa atravessar o país em ônibus de linha, mas no momento o que quero mostrar é aquilo que escrevi no Santuário sobre Bh, depois da volta:

"BELO HORIZONTE

BH é uma cidade enorme, não é turística, e é antiga. Então é fácil concluir o que se esperar: sujeira, feiúra, prédios velhos, sensação de que a cidade já viveu dias melhores. Bem, talvez seja preconceito de quem passou a vida toda em cidades turísticas e relativamente novas. Mas mesmo os belo-horizontinos com quem conversei concordam: não é uma cidade que tenham muitos atrativos para gente de fora. Por ser grande e antiga, é claro que ela possui lugares que vale a pena conhecer, entre eles a Praça da Liberdade e seus prédios históricos, as igrejas (em especial a Basílica de Nossa Senhora de Lourdes) e os museus de História Natural da PUC e da UFMG (pequenos, entretanto). Mas não precisei dedicar muito tempo ao turismo quando estava lá, e não perdi muito. Vi pouca coisa além do que citei acima. Uma dica importante a qualquer pessoa que vá para BH: esteja em forma. O que a cidade tem de pirambeira não é mole! De resto, posso citar uma curiosidade: jamais vi uma cidade com uma quantidade tão imensa de... ônibus! Cara, tem busão a dar com os pés! E olha que tem metrô por lá... As coisas lá também são um pouco mais baratas que aqui, como comida e bebida. Ponto positivo para os mineiros: a fama de prestativos procede. Quanto à de desconfiados, eu não cheguei a perceber...

Conclusão: BH, só vá se tiver algo importante para fazer. Só para conhecer, não vale a pena."

Depois de viver em BH alguns meses, acho que minhas impressões tinham sido até que bem apuradas na época. A única ressalva é a de que tem pouca coisa pra ver. Como a cidade é enorme, sempre tem coisas pra quem mora lá ir descobrindo. E o povo é legal, sim. Mas o mais irônico são as frases finais. Não, naquela época eu não tinha a menor idéias, nem jamais tinha passado a menor possibilidade pela minha cabeça, de que eu acabaria indo morar lá por algum motivo.

Essa vida apronta cada coisa com a gente...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Só para constar

É, só para colocar algo aqui. Nada de muito útil. Na verdade, só algo absolutamente inútil. Últimos dias em Blu. Os dias na praia foram muito bons. Por sinal, estou em recuperação de alguma coisa que tive no começo do ano. Algo a ver com desânimo, fadiga, cansaço, etc. E o psicológico não ficou lá essas coisas também. Bastou alguns dias tomando suplemento alimentar e já tou bem melhor. Perfeito exemplo da integração entre corpo e mente (que o que mais é além de uma parte do corpo? - místicos, espiritualistas e afins, dêem um tempo).

Ah, sigam de olho no Duelo. A gente até vai aparecer na Tv em breve! E tou falando sério...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Rota de colisão

Amanhã, mais uns dias na Praia do Sonho. Depois, duas semanas ainda em Blu. Fim do mês, retorno à Floripa. Cara, vai ser minha quinta casa em menos de um ano, sendo que saí da antiga toca na Ilha (dia 26 de março) pra ficar:

Na casa do Bernardo, amigo da Biologia, em BH - um mês.
Depois na Casa Maldita com meu "amigo" Cláudio, o psicopata megalomaníaco, e mais outro cara (este gente boa) - quatro meses.
Num quartinho minúsculo alugado em BH - três meses.
Em casa, em Blumenau, mas indo de um lado pro outro no Litoral - vai totalizar três meses.

2007, que ano safado... Três meses excelentes no início (incluindo "o" mês excelente), depois um inferno até agosto (com um interlúdio no céu, com viagem pra SC e curso de campo), uma finaleira mais sossegada em BH e meses preguiçosos, festivos, nerds, etc. na Terrinha.

É, meu caro 2007. Tu conseguiu ser em um ano tudo aquilo que todos os outros anos não foram. O melhor, o pior, o com mais mudanças, o mais conturbado. Geralmente os anos vão passando mais rápido à medida que a gente "cresce", mas posso dizer, do meu ponto de vista relativo, que o passado foi looooongo. Eu acho, realmente, que desde aquela despedida em Floripa no meu aniversário até hoje já se passaram uns três anos, os calendários é que estão errados...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Informações complementares

Para entender um pouco melhor o texto do Duelo desta semana, alguns comentários:

Os sete pecados capitais cristãos são opostos às sete virtudes: castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade, humildade.

Às vezes o pecado da avareza é intepretado como cobiça (veja o texto abaixo). Talvez a primeira intepretação seja a mais correta, pois a virtude oposta a este pecado é a generosidade.

Pra quem viajou na segunda parte, os demônios que lá aparecem são os sete demônios relacionados aos pecados capitais, numa bem conhecida demonologia de Peter Binsfeld, em 1589.

* * *

O texto abaixo deu uma ajudada na inspiração, mas garanto que foi difícil escrever algo para esta rodada. Trecho da "Bíblia Satânica" de Anton La Vey.

"Os sete pecados capitais da Igreja Cristã são: cobiça, orgulho, inveja, ira, gula, luxúria, e
preguiça. Satanismo defende a indulgência de cada um destes "pecados" pois eles podem
ser o caminho para a satisfação física, mental, ou emocional.

Um Satanista sabe que não há nada de errado com a cobiça, isto só significa querer mais do
que já se tem. Inveja significa olhar para a posse alheia, e ser cobiçoso de obter coisas
semelhantes para a si mesmo. Inveja e cobiça são as forças motivadoras da ambição--- e sem
ambição muito pouco do realmente importante poderia ser alcançado.

Gula é simplesmente comer mais do que você precisa para manter-se vivo. Quando você
comeu até o ponto da obesidade, um outro pecado, --orgulho-- irá lhe motivar à reconquistar
uma aparência que renove o seu auto-respeito.

Qualquer um que compre uma peça de roupa com qualquer propósito além de cobrir seu
corpo e protegê-lo dos elementos é culpado de orgulho. Satanistas geralmente encontram
zombadores que afirmam que etiquetas não são necessárias. Deve ser apontado para estes
destruidores de etiquetas que um ou mais artigos em suas próprias roupas não são
necessários para os manter aquecidos. Não há uma pessoa no mundo que seja
completamente destituída de ornamentação. O Satanista aponta que qualquer ornamentação
no corpo destes zombadores mostra que eles também são culpados por orgulho. Indiferente
do quanto prolixo e cínico possa se sua descrição intelectual do quão livre ele é, ele ainda
está usando elementos do orgulho.

Ser relutante em levantar de manhã é ser culpado de Preguiça, e se você costuma ficar na
cama tempo o suficiente você pode se encontrar cometendo um outro pecado --- luxúria..
Ter a menor excitação de desejo sexual e ser culpado de luxúria. Na condição de assegurar a
propagação da humanidade, a natureza fez a luxúria o segundo instinto mais poderoso, o
primeiro sendo a autopreservação. Compreendendo isso, a Igreja Cristã fez da fornicação o
"Pecado Original". Deste modo, eles se asseguraram que ninguém escaparia deste pecado.
Seu verdadeiro estado de ser é assim um resultado do pecado - do Pecado Original!

O mais forte instinto em cada ser vivente é a autopreservação, que nos traz ao último dos
sete pecados mortais - ódio. Não é o nosso instinto de autopreservação que é despertado
quando alguém nos agride, quando nos tornamos furiosos o suficiente para nos proteger de
outros ataques? Um satanista pratica este princípio, "Se um homem lhe atinge numa face,
golpeie-o na outra!" Não poupe o agressor. Seja um leão no caminho - seja perigoso sempre
na derrota!

Desde que os instintos naturais do homem o levam ao pecado, todos os homens são
pecadores; e todos os pecadores vão para o inferno. Se alguém for para o inferno, então com
certeza encontrará todos os seus amigos lá. O céu deve ser povoado mais apropriadamente
por algumas estranhas criaturas que viveram para ir a um lugar onde eles podem tocar
harpas por toda a eternidade."

p.s.: fora o blábláblá de superioridade que aparece com frequência no satanismo (afinal, não deixa de ser uma religião), a Bíblia Satânica é uma boa leitura e muito bem escrita pelo La Vey.