quinta-feira, 20 de março de 2008

Equinócio e Homem-Azul-Agora

Estarei em Blumenau no feriado. Páscoa, chocolate, procurar cestinha do coelho (velhas tradições familiares nunca morrem), carteado (velhas tradições nerds idem) e afins. E as passagens de ônibus não param de aumentar...

Em homenagem ao equinócio da madrugada de hoje, uma reedição. Escrita na "borda", com muita história dali em diante...

LXXXV. Equinócio
Ciclo dos Tormentos - 25/09/06

A luz... A luz que outrora brilhava, desvanece
O calor, que antes acalentava, já não mais me aquece
Tudo se dissipa, tudo se apaga, tudo vira pó e nada
Com lentidão morosa, a vida presente se torna passada

Fim da linha, quem diria?
Bem, eu, como todos, já sabia
Uma ascensão para cada queda, um verão para cada inverno
Não há sentido - não há existência - para um Éden sem Averno

A queda, tão confortável, suave descida ao abismo
Pois no fundo não há retorno, só o vagar a esmo
Mas a beirada - ah, a borda é tão assustadora!
O limite para glória passada, não mais redentora

Saudades, ah, saudosismo!
Conversas alegres entre amigos
Onde o riso é semeado pela memória de tempos idos
E mascara o medo de horizontes de tais alegrias desprovidos

Meus amigos, meus queridos...
Em breve, corações partidos...
Não mais pessoas, não mais ilhas a serem desbravadas
Não, só serão múmias estáticas, para sempre preservadas

Pois estes tempos, e todos os tempos, são o aqui e agora
Não há mais show, não há mais jogo, quando passa sua hora
Não, o teatro vivo cessa, sobram só suas fotografias
Nas margens da estrada, camas quentes em estalagens frias

Ah, meu amor! Meu divino, verdadeiro e inatingível amor!
Já não mais me aquecerá, já não mais refulgirá em alegria e dor
Minha querida e amada, a mais ardente lembrança cultivada!
O altar sagrado numa catedral de memórias idolatradas

Passou-se o apogeu...
(e ninguém se apercebeu)
O ápice foi cruzado...
(num arrastão desgovernado)
Agora a vida é queda...
(agora a vida é treva)
Até sua final solução...
(quem sabe por sua própria mão)

...adeus, doce verão...
...venha, entre, amargo inverno...
... com lembranças crepitando na danação...
... a labareda débil em meu suave inferno...

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