quarta-feira, 13 de maio de 2009

Up!!!

Só para não deixar isso aqui novamente parado por muito tempo, uma coisa de dois anos atrás.


Êxtase
17/05/07

Exausta e satisfeita, ela desabou para o lado e fechou os olhos. Acompanhei sua respiração ofegante acalmar, até tornar-se uma leve e constante aragem, indicando que sua consciência não mais pertencia a este mundo. A minha, entretanto, permaneceu, incapaz de se desprender de tudo o que acontecera para entregar-se ao tenro embalo do sono.

Sob a pálida luz da lua cheia que penetrava no quarto pela fresta da cortina, espalhando-se leitosa nas paredes e objetos tão familiares, pus-me a observá-la com atenção. O fino lençol cobrindo seu corpo pouco escondia a exuberância da qual eu há pouco desfrutara. Mas foi no seu rosto que me detive demoradamente. A perfeição das formas era salientada pela serena expressão em sua face, no doce repouso que a dominava.

Olhando para ela, senti um aperto no fundo da garganta, comprimindo meu peito, uma ânsia devoradora daquele monstro furtivo que conhecemos como paixão. A beleza que dela emanava era superior a qualquer outra que eu pudera conceber em toda minha vida, e para ninguém mais ela era tão imponente quanto para meus olhos embriagados pelo sentimento. A satisfação por estar ali, o desejo de estar ao seu lado, a vontade desesperada de que aquela noite fosse eterna, não tinha paralelo dentre todas as tênues emoções que já haviam possuído meu coração. Todas agora obliteradas por um instante fugaz e avassalador de êxtase, de beleza, de paz.

Dali a pouco tempo tudo estaria acabado. Uma ilusão seria desfeita e um coração despedaçado. Mas gravei aquele momento como a lembrança dela que eu desejaria manter. A de uma deusa adormecida nos braços de um mero mortal que, se não teve a bênção de merecer seu amor, pôde, por um breve instante, sentir o sublime sabor da perfeição, para jamais se contentar novamente com as coisas mundanas.

2 comentários:

Anônimo disse...

“Exausta e satisfeita,”
“entregar-se ao tenro embalo do sono.”
“pálida luz da lua cheia”
“aperto no fundo da garganta, comprimindo meu peito,”
“ânsia devoradora”
“que aquela noite fosse eterna,”
“tênues emoções que já haviam possuído meu coração.
“instante fugaz e avassalador de êxtase”
“ilusão desfeita e coração despedaçado”
“uma deusa adormecida nos braços de um mero mortal”

Que amontoado de frases feitas, clichês e lugares-comuns num texto tão curtinho!
Félix, você sabe fazer melhor que isso.

Anônimo disse...

Sim, em parte concordo com o comentário anterior, mas esse texto ficou na minha cabeça por uma semana até que voltasse aqui para lê-lo novamente. Se não pela arte literária em si, pela sensação de ser uma confissão solitária do artista. Vi ali um grande autor descansando sobre uma emoção que nos deixa de fato exaustos, a paixão.
Adorei!