quarta-feira, 29 de agosto de 2012

It's the final countdown!

    ... de três horas até embarcar no avião para Floripa. E isso que já estou há uma hora e meia aqui no Rio. Mas vamos ser rápidos e rasteiros, pois tem muita coisa aí embaixo, sobre os últimos nove dias e tudo mais.

    A ida até Ancara contou com mais um rolo na rede de ônibus, algo que parece comum aqui (vejo gente discutindo e reclamando com os caras das empresas o tempo todo). O ônibus, que era para ser direto de Göreme à capital, primeiro virou um mini-ônibus que nos levou até a rodoviária de Nevsehir. Ali, um funcionário colocou nossas bagagem em um ônibus grande, mas logo apareceu outro mandando ele tirar. O ônibus grande foi tirado da garagem e colocado no estacionamento. Ficamos daí um tempão ali esperando, sem que eu tivesse idéia do que estava acontecendo.

    Depois de algum tempo, apareceu um mini-ônibus e os caras da empresa sinalizaram para o pessoal entrar. Uma velhinha turca começou a berrar furiosamente com os funcionários, junto com reclamações dos outros turcos. Conversei com outro turista que entendia algo de turco e ficou claro que queriam que fizéssemos a viagem de 300 km no mini-ônibus. Quando apontávamos para o ônibus grande, os funcionários só falavam “problem, big bus problem”. Ficamos com a forte suspeita de que, por ter pouca gente na viagem (15 pessoas), eles não quiseram mandar o ônibus grande.

    No fim, nem o escândalo da velhinha adiantou e acabamos embarcando no troço apertado e sem telinhas amigáveis com música para escutar. O menos mal foi que o mini-ônibus andava mais rápido, então chegamos às seis, “apenas” com uma hora de atraso, depois das duas horas de atraso antes de partirmos. Göreme (a empresa, não a vila), nunca mais!

    Com metrô à disposição, foi rápido chegar no hotel. Este, mesmo bem barato, era um nível acima dos que fiquei na viagem. Era daqueles bem completos, com restaurante, várias coisinhas de conveniência (de pantufas a estojo de costura), decoração bonita e quarto confortável. O que foi ótimo, já que passei uma boa parte do tempo em Ancara ali mesmo.

Ancara

    Antes de sair de Göreme, falei para Mustafa que ia para Ancara. Ele me olhou meio estranho e perguntou: “mas o que você vai fazer lá?”. Falou que até duas noites já era demais. E eu no fim fiquei três, pois, quando vi o problema do aluguel de carro e fiz a reformulação em cima da hora pouco antes da viagem, transferi o tempo de Bogazkale para lá. Não é uma cidade bonita e há pouca coisa particularmente legal para ver, pois a cidade ganhou mais importância apenas com o estabelecimento da República Turca em 1923, quando a capital foi transferida de Istambul para lá. Aliás, o nome “angorá” é derivado de Ancara, pois de lá vieram os gatos, ovelhas e coelhos que carregam este nome. Pronto, vocês já não podem dizer que não aprenderam nada hoje.

    No dia seguinte à minha chegada, fui então para o único lugar que realmente queria ver por lá, o Museu das Civilizações da Anatólia. É um museu bem famoso, tendo até ganho o prêmio de Melhor Museu da Europa em 1997, um ano depois de ter aberto as portas. A coleção reúne peças de todos os povos que já habitaram a Ásia Menor, e bota povo nisso: Hattianos, Hurritas, Hititas, Assírios, Frígios, Lídios, Gregos, Romanos, Bizantinos, Árabes, Turcos Sejlúcidas, Otomanos... Como um lugar onde floresceram alguns dos primeiros impérios do mundo, e estando no caminho entre Europa e Ásia, não é a toa que a área tenha passado por tantas mãos.

    Tendo apenas isso para realmente ver na cidade, cheguei tarde, umas onze e meia, e estava preparado para passar o resto do dia lá. Então imaginem minha cara quando fui informado já na entrada que a maior parte do museu estava fechada para reformas. Apenas um dos vários salões estava realmente montado e organizado, e peças importantes dos outros salões estavam colocadas no pátio central, de forma totalmente acronológica, atemática e ilógica. Tentar seguir a ordem do guia de áudio era impossível, além de várias peças indicadas nele estarem faltando.

    Fiz o que deu para aproveitar. O salão organizado (com os achados mais antigos, indo do Neolítico ao começo da Idade do Bronze) deu uma mostra do quão bom o museu deveria ser, pois tinha peças realmente espetaculares, bem diferentes do que eu já tinha visto, e abundância de informações em inglês. O salão central tinha muita coisa legal, mas a completa desorganização tirou a graça. No fim, saí depois de duas horas. Melhor Museu da Europa, só se for em 1997. O único prêmio que o museu ganha em 2012 é o Troféu Fefeleco de Decepção da Viagem.

    Sem muito ânimo para sair andando pela cidade quente e barulhenta atrás das migalhas de certo interesse que ainda sobravam, fui é para o hotel, ficar bodeando no quarto e pensando no que fazer em seguida. A principal coisa que eu queria ver na região era o sítio arqueológico de Hattusa, a antiga capital hitita. Tinha ouvido falar de excursões de um dia que saíam de Ancara, mas não encontrei nada muito claro no Google e o pessoal do hotel não pôde me ajudar (mal entender o que eu falava eles conseguiam...). Na rodoviária, no dia anterior, tinha perguntado como era ir para lá, e o cara de uma empresa me informou que não havia ônibus para o cú de mundo que é Bogazkale, o vilarejo ao lado do sítio, mas o esquema era ir até uma cidade próxima e depois pegar um mini-ônibus para lá. Nada diferente do que eu já tinha feito, só que a viagem toda era estimada em quatro horas.

Fiquei pensando se valia tanto o tempo e o esforço, quatro horas de ida e quatro de volta, para ver um lugar que não tem praticamente nada remanescente. Mas a passagem era barata e, se eu ficasse em Ancara, o que ia fazer? Ficar o dia todo no hotel? “Ora, Félix, no futuro, quando todo o planeta estiver embaixo da água, você vai querer falar para os seus netos que viu Hattusa ou que ficou dormindo em Ancara?”.

    Seis e meia do dia seguinte estava de pé, a tempo de pegar, às oito, o primeiro ônibus que ia para Sugurlu, a tal cidade próxima. O ônibus não tinha uma grande seleção de rock, mas um interessante canal clássico que ia de Beethoven e Bach à “O Fortuna” e a versão de “Nothing Else Matters” do Apocaliptika. Não foi tão difícil aguentar a ida, então. Vinte liras por uma viagem de 200 km com serviço de bordo e ônibus bem equipado, em um país onde o litro da gasolina custa 4,5 liras (lembrem-se que a lira tem o valor parecido com o Real). E aí, Catarinense, como fica a viagem de 150 km para Blumenau que nem água tem e custa 40 contos?

    O duro foi chegar a Sugurlu, onze horas, e ver que tinha caído na Pegadinha do Turco de novo. A platéia deve ter se matado de rir ao me ver perguntar para os motoristas sobre o mini-ônibus para Bogazkale e ver eles não terem a menor idéia. Ao sair de onde o ônibus tinha parado para a rodoviária, fui abordado por um taxista, que também não entendia inglês. Mas, com muito custo, conseguiu me dizer que o táxi só para ir a Bogazkale era 90 liras, ou que eu poderia pagar a bagatela de 200 liras por o tour de táxi, em que ele ficaria o dia à minha disposição para visitar o sítio. Não estava esperando gastar tanto, então fui até a rodoviária, onde todos me disseram que não tinha mesmo mini-ônibus para lá. E, pior, o último ônibus de volta a Ancara era 17:00, então teria que voltar mais cedo do que previa.

    O taxista, que tinha visto naquele turista perdido uma presa fácil, não tinha largado do meu pé ainda. Sem muita alternativa, lá fui eu. Afinal, em viagem, dinheiro é mato, não é?

Bogazkale (Hattusa)

    Chegando em Bogazkale, a primeira coisa que fui ver foi o Santuário de Yazilikaya, um antigo santuário a céu aberto dos hititas. É pequeno, mas possui alguns altos-relevos legais que sobreviveram na formação rochosa que cerca o santuário, com figuras de deuses hititas e alguns de outras culturas que foram sincretizados na religião deles. Ali um guri um pouco mais novo que eu, Mahmud, começou a me acompanhar, mais para treinar o bom inglês que tinha, segundo ele. Claro que sei que a coisa não é bem assim, então, quando ele se ofereceu para me acompanhar a Hattusa, perguntei se era um guia pago ou algo assim. Ele falou que apenas gostava de acompanhar os turistas, embora, é, claro, eles geralmente dessem uma gorjeta. Como estava com saudades de ter uma conversa de verdade com alguém e ele conhecia bastante coisa sobre os sítios, aceitei sua companhia, nem que fosse apenas para servir de tradutor.

    Depois de parar para almoçar em Bogazkale, subimos até o sítio de Hattusas. Foi providencial estar de carro, pois, quando você vê distâncias de quatro ou cinco quilômetros no Google Maps, ele não te diz imediatamente que podem ser quatro ou cinco quilômetros de subidas e descidas entre os montes e penhascos da antiga capital. É extremamente complicado visitar o sítio a pé, por isso há uma estrada por onde carros e mini-ônibus transitam para alcançar os pontos de maior interesse.

    Cabe aqui explicar por que tanta vontade de ver o diabo da cidade antiga, que pouco mais apresenta atualmente do que as fundações dos edifícios. Talvez seja porque os hititas foram o meu primeiro passo na História além da escola, quando li a série “Ramsés” no começo do ensino médio. Ali tinha papel proeminente uma civilização sobre a qual nunca tinha ouvido falar nos livros, que pulavam do “o mundo começou com Egípcios e Sumérios” direto para os reinos babilônicos e assírios antigos. Ou talvez seja porque a campanha do demo de Age Of Empires seja com eles e, como eu não tinha o jogo completo, só me restava jogar ela uma vez atrás da outra. De qualquer maneira, uma coisa é certa: eles são antigos. Uma verdadeira civilização imperial da Idade do Bronze, que floresceu no segundo milênio a.C. Enquanto os cretenses construíam um palácio grande, os hititas construíam cidades inteiras. Enquanto os gregos viviam uma era nublada pela mitologia, os hititas faziam história.

    Era uma questão de honra, portanto. Mas nem por isso o sítio se torna interessante apenas para aqueles que têm pôsteres de reis hititas na porta do quarto (não é meu caso, relaxem). Embora pouco tenha sobrado dos prédios, a localização da cidade vale por si só, espalhada por sobre alguns montes e delimitada por colinas abruptas e penhascos. Os hititas souberam tirar valor da topografia, fortificando as colinas com muralhas e portões, que são as partes mais bem preservadas. Não devia ser fácil invadir a cidade, embora isso tenha acontecido no século XII a.C. e colocado um fim no império. A paisagem é desolada, como todo planalto da Anatólia, e a absoluta falta de grandes concentrações urbanas nas redondezas contribui para o clima.

   Mahmud foi de grande valia no passeio, me apontando coisas interessantes que não estavam nos cartazes explicativos. No final, dei uma boa gorjeta, embora ele tenha ficado naquela de “oh, não precisava”. Podem me achar inocente, mas pareceu realmente que ele estava fazendo aquilo tanto pela diversão quanto pela oportunidade de ganhar uns trocados.

   Finalizada a volta em Hattusas, era apenas duas e meia da tarde. Como teoricamente tinha o taxista pelo dia todo e, no meio das palavras descoordenadas da primeira conversa, ele tinha mencionado Alacahöyük (saúde!), pedi a ele para me levar lá. É outro sítio hitita que fica entre Sugurlu e Bogazkale, fazendo parte do Complexo Hattusas (o nome que se dá ao conjunto de remanescentes hititas encontrado na área, que é... adivinha? Sim, Patrimônio Cultural Da Humanidade! Cinco em nove dias! Ieba!).

    O sítio em si é bem menor e menos impressionante que Hattusa. Tem como maior destaque uma série de tumbas de reis (ou assim os arqueólogos acham) hurritas (um povo que habitou o local antes dos hititas) dos (parênteses!) séculos XXV – XX a.C. O pequeno museu em anexo não tem grandes novidades, pois os achados mais importantes estão lá em Ancara. No fim, fiquei apenas uns 40 minutos por ali.

    De volta a Sugurlu, eu estava bem feliz. Tinha curtido bastante o passeio e me conformado com o gasto. No fim, era tão ou menos caro do que ter alugado um carro para ter ido até lá. Só que, na hora de pagar, o turco tirou outra carta da manga. Duzentas liras era o preço da visita para Hattusas. Alacahöyük era extra. Ele me mostrou o taxímetro ligado: mais 150 liras para o espaço. Na minha cabeça, estava tudo incluso, porque ele ficaria o dia todo comigo, tinha dito que “tempo não era problema” e mencionado alguma hora o outro sítio. Pego de surpresa, sem sequer conseguir me comunicar com ele, e nem tendo certeza do que ele tinha dito antes, não consegui comprar briga. Dei a grana, o que praticamente me zerou, e saí puto do táxi. Aquilo azedou legal meu humor e fiquei com vontade de mandar à merda todos os turcos à minha volta.

    Demorou bastante tempo para dissipar a raiva. Era menos dor no bolso do que no coração, por me sentir feito de trouxa desde o momento em que o safado da rodoviária falou sobre o mini-ônibus. Mas, passado um dia, essa sensação ficou para trás, ficando apenas um rancor de todos os taxistas turcos que passaram pela minha frente até o fim da viagem, e não me arrependo de ter feito o passeio. Teria me arrependido profundamente se não tivesse ido, na verdade. Mesmo tendo custado mais de 400 liras e me obrigado a sacar uma grana adicional no caixa eletrônico (viva a globalização!), foi uma oportunidade única de realizar um sonho. Mas um investimento de algum tempo a mais nos dias anteriores para achar uma excursão de um dia poderia ter me economizado bastante dinheiro e estresse.

    Cheguei ao hotel pouco depois das nove. Estiquei o sono até dez e pouco do dia seguinte, a tempo de ainda pegar o café da manhã. Duas horas caminhei um pouco até o local de onde saem os ônibus para o aeroporto, e lá fiquei por algumas horas até meu vôo, seis e meia. Depois de ter comido meu último McDonald’s lá em Hamburgo, até que gostei de comer fast food de novo enquanto esperava, no Burguer King.

    Ancara foi realmente uma perda de tempo. Eu tinha incluído ela porque era caminho no meu roteiro anterior, mas na reformulação poderia até ter ido da Capadócia a Istambul direto. Valeu por conhecer os sítios hititas, mesmo com a filho-da-putice do taxista, e só. Muito pouco para um lugar no qual gastei tanto tempo.

Istambul

    Cheguei à capital da Turquia... ops... à principal cidade dela sete e meia e levei mais uma hora para chegar do Aeroporto B da cidade ao centro. O treco não chegava nunca, porque Istambul é enorme. Mais alguns minutos de taxi (armado de todos os mapas e distâncias estimadas, para evitar golpe – gato escaldado...) e cheguei ao meu pequeno hotel, bem na região histórica da cidade. E em ruelas onde um milhão de hotéis iguais existem. Mas nem por isso o quarto deixava de ser bom e tinha uma iluminação de LED azul que o deixava como um lounge de festa eletrônica. Ou quarto de motel.

    Somando ainda o tempo de caçar um jantar tradicional (McTurco no McDonald’s – sim, existe), fui dormir um pouco tarde. O que me fez acordar no limite para o café da manhã e sair para andar pela cidade perto das onze. O primeiro dia foi assim, bem de leve, andando pela parte histórica da cidade e vendo alguns pontos de interesse. Comecei, claro, pelo principal: Hagia Sofia (Ayasofia, Santa Sofia, Igreja da Santa Sabedoria e por aí vai). O lugar por onde todos começam, acho, porque tinha uma bela fila para entrar. Mas, depois disso, não tem incomodação, pois, mesmo com uma galera, é difícil aquilo lá ficar apertado.

Ela não é nem de perto a maior, ou a mais antiga, ou a mais bonita construção religiosa do mundo, mas duvido que tenha alguma outra no Ocidente que combine do mesmo modo as três coisas (não tenho conhecimento para falar do Oriente). O imenso aposento principal e o domo possuem 56 metros de altura, metade da Basílica de São Pedro. Mas o treco foi construído mil anos antes da basílica, no ápice do Império Romano do Oriente, na metade do século VI. Não existia nada no mundo que sequer se aproximasse dela na época em que foi feita e assim continuou a ser por quase um milênio. Tão imponente era que, quando os turco-otomanos conquistaram Constantinopla em 1453, não a abandonaram ou depredaram, mas transformaram-na em mesquita.

É difícil imaginar o impacto absurdo que ela causava em qualquer visitante daquela época, ainda mais com todos os mosaicos originais com cenas cristãs. Como os bizantinos tinham essa tradição de mosaicos, em vez de apenas afrescos, muitas coisas sobreviveram em bom estado até hoje. Os turcos, é claro, pintaram e cobriram tudo com reboco, pois, embora Jesus seja considerado um profeta no Islã e as cenas tenham significado para eles, sua religião proíbe a reprodução de pessoas e outros animais em obras religiosas. A partir do momento em que Hagia Sofia deixou de ser templo para ser apenas museu, na década de 20, os mosaicos foram sendo redescobertos e restaurados. Até pouco tempo ela ainda estava em restauração, mas agora não tem nada de andaimes e panos para atrapalhar a visão.

E ela é... adivinha, adivinha... Isso mesmo! Seis em onze dias! Praticamente um fiscal da Unesco!

Depois de uma hora ali, dei uma passada nos mausoléus dos sultões enterrados nos fundos da Hagia Sofia e atravessei a praça para entrar pela primeira vez em uma mesquita, a enorme Mesquita Azul. Tinha lido recomendações de que roupas curtas, incluindo shorts masculinos, não são bem vistos pela galera. E que sempre se tira os calçados ao entrar em uma mesquita. Então minha solução foi simples: calça e Havaianas. O primeiro ponto é irrelevante: pelo menos nestas que são grandes atrações, a turistada entra de boa com roupa um pouco mais curta (mulheres às vezes tem que cobrir os ombros com um pano). O segundo ponto é real, todos os fiéis e forasteiros precisam tirar os calçados para entrar.

A estrutura de uma mesquita não tem nada a ver com a de uma igreja. Não tem bancos, não rolam missas, não tem altar propriamente dito (só uma paradinha simples que indica a direção de Meca). Na frente sempre tem um grande pátio interno. Dentro, é um grande aposento único. No caso da Azul, quatro colunas enormes dominam o ambiente, além do domo principal. Na metade, o pessoal coloca uma cerca de madeira que delimita a área para turistas e fiéis. Homens, claro, pois mulheres não podem entrar ali e rezam apenas em aposentos meio escondidos nos fundos. Como eu vi alguns caras ali que não tinham a menor panca de islâmico, entrei também na “área proibida” para tirar umas fotos. Fora do horário das rezas (mais sobre isso adiante), não tem grande problema, aparentemente. Mas, como na primeira vez entrando na casa de um desconhecido, mantive uma atitude estritamente respeitosa (o que nem todos os turistas fazem), morrendo de medo de criar uma mini-Jihad a qualquer momento. Na hora em que cruzei por acidente a frente de um grupo que estava começando a oração e o cara me segurou e olhou feio, achei que era a hora de disparar.

Mas, correndo o risco de atrair a ira de Alá para mim, posso dizer que mesmo a Mesquita Azul, consideradas uma das mais bonitas do mundo, não é tão interessante quanto as igrejas cristãs equivalentes. Sim, ela impressiona de cara com o porte e as decorações geométricas e de folhagens (os arabescos) e as escritas artísticas em língua árabe, que são mesmo muito bonitas. Mas a falta de imagens torna a decoração um pouco limitada e repetitiva. Não dá para gastar tanto tempo dentro de uma quanto de uma igreja cheia de firulas (mesmo essas acabam parecendo meio iguais depois que você vê um monte delas...).

Dos pontos que passei depois, destaco a Cisterna da Basílica, uma cisterna coberta criada pelos bizantinos que ocupa um espaço imenso recheado de colunas. Foi mantido um espelho d’água habitado por inúmeras carpas e o pessoal anda por passarelas em meio à penumbra fria e úmida, iluminada por luzes vermelhas. Não gastei mais do que meia hora ali, mas vale a visita pela atmosfera do lugar.

O segundo dia foi bem mais simples: passei o dia todo no Museu de Arqueologia de Istambul. Tinha muita coisa legal lá e também eu ainda não tinha ido a um museu arqueológico grande e bem organizado nesta viagem (Ancara, vai tomar no c*). Mais de duas horas foram só no setor chamado Museu do Oriente Antigo, que tem artefatos daquela que é minha região e período favorito na História, o “Oriente Próximo”. Sumérios, assírios e babilônios sempre fizeram minha cabeça, não sei muito bem por que. Tem várias outras coisas legais lá, incluindo peças de algumas culturas que pouco tinha visto em museus mais ocidentais, como árabes pré-islâmicos, hebreus e fenícios.

Para entrar, comprei um passe que custa 72 liras e vale por 72 horas, permitindo uma entrada em cada um dos principais museus da cidade. Além de valer a pena financeiramente, não precisa pegar as filas. Vacilei bastante ao não ter comprado já no dia anterior, pois vale para Hagia Sofia também. Para fazer o gasto valer a pena, então, gastei a última hora do dia no Museu dos Mosaicos, ali pela região, que nada mais é do que uma parte do antigo palácio dos reis bizantinos que foi descoberta, com uma quantidade impressionante de mosaicos bem conservados.

Segunda feira usei para ir ao Palácio Topkapi, o palácio dos imperadores turco-otomanos desde a conquista da cidade até o século XIX. A escolha foi simples, já que segunda feira é o Dia Maldito dos Turistas, quando tudo fecha, mas felizmente eles pensaram nisso e mudaram o dia de folga do palácio para terça. É lógico que todo mundo pensa a mesma coisa e o palácio estava socado de gente. A primeira coisa que fiz, segundo a sugestão do meu guia de viagem, foi correr para os salões do antigo harém. Ali não tinha muita gente, mas também pouca coisa para ver, fora os quartos ricamente decorados dos sultões. Todos dentro da lógica dos arabescos, como todo o palácio, o que acaba causando a mesma sensação que tive na Mesquita Azul.

Com exceção do harém, o resto foi guerra. Havia longas e lentas filas para entrar nos outros lugares principais, como o Tesouro. Lá tinham peças e ouro e jóias incríveis, mas que não despertaram tanto minha atenção, com exceção de algumas armas. Já outro salão disputado é o das Relíquias Sagradas. Lá estão vários objetos sagrados para os muçulmanos, como espadas e objetos que pertenceram aos primeiros califas da religião, no século VII, algumas atribuídas ao próprio Maomé, como alguns fios de barba (sim! As barbas do profeta!). Como uma das três religiões abraâmicas, naturalmente tinha algumas relíquias hebraicas também. E, bem, nas espadas e fios de barba do século VII eu até posso acreditar, mas... A espada de Davi, do século X a.C., em bom estado de conservação? O cajado de MADEIRA de Moisés, de XIII a.C., zero bala?? O CHAPÉU DE PANO DE ABRAÃO, DE XX A.C., INTEIRAÇO??? Fala sério, né? Mesmo admitindo a hipótese de que existiu um Davi, Moisés ou Abraão, tem que ser muito ignorante e/ou crente para acreditar que aquilo passou pela mão dos caras...

O último salão que visitei, e que foi disparado o que mais me interessou, foi o do antigo arsenal.
Obviamente, o que tinha lá era uma coleção incrível de armas e armaduras brancas turco-otomanas e árabes, além de algumas européias que vieram parar lá como despojos de guerra. As armas e armaduras dos orientais tinham a característica de serem ricamente decoradas. Mesmo considerando que aquelas que estão lá são armas de rico, em média são mais pomposas que as de rico européias. As maças são tão bonitas que até devia dar gosto ter a cabeça esmigalhada por uma. Mas as armas carnavalescas não me impressionaram mais do que o simples e grosso conjunto de três gigantescas espadas de ferro húngaras. A maior delas tinha o meu tamanho, se não mais. Não tinham nenhuma decoração, então não creio que fossem cerimoniais, mas é difícil acreditar em um sujeito manejando aquilo. Tenho uma vaga memória de ter lido algo sobre armas assim serem usadas por cavaleiros para destruir barreiras de lanças, mas preciso pesquisar mais para crer...

No fim, fiquei apenas duas horas no palácio, tendo corridos nas seções que estavam mais socadas de gente. Como o hotel era caminho para meu próximo destino, peguei um lanche e comi lá mesmo, saindo em seguida para dar uma olhada nos bazares da cidade. Não me empolguei de ir até o famoso Grande Bazar, pois a idéia de estar em um ambiente fechado com mares de pessoas e turcos tentando me vender coisas não me apetecia. Fui direto para o Bazar de Especiarias Egípcio e ali pelas redondezas encontrei cafés e chocolates para levar para o Brasil.

Ao lado do bazar encontra-se a maior mesquita de Istambul, a de Sulemain, o Magnífico (que humilde, hein?). Feita antes da Mesquita Azul, foi quando os turcos finalmente conseguiram fazer algo maior (i.e. mais alto) que Hagia Sofia. Foi também quando tive a muito interessante experiência de ver in situ o momento das orações dos islâmicos. As mesquitas, mesmo as turísticas, fecham por uma hora neste momento, mas como faltava cinco minutos para começar, às cinco, pulei para dentro. Logo um rapaz veio explicando aos poucos turistas que ali estavam que poderíamos permanecer, desde que ficássemos sentados e quietos nos fundos (mas não era tão estrito, dava para levantar e tirar umas fotos de tempo em tempo).

Enquanto os homens iam chegando e se dirigindo à parte da frente, as mulheres se dirigiam aos quartinhos dos fundos. Algumas, na verdade, pois várias ficaram ali pela área de turistas mesmo, tirando fotos ou falando no celular. Já os homens estavam todos lá, perfilados de frente para a parada que indica a direção de Meca. Três caras ficaram em uma parte lateral mais elevada e começaram a entoar as orações cantadas.

Basicamente, é uma grande brincadeira de morto-vivo. O cara canta uma coisa, a galera se abaixa. Canta outra, todo mundo se ajoelha e encosta a cabeça no chão. Mais um canto e o pessoal levanta. E assim segue várias vezes. Parece que, embora os movimentos sejam coordenados, cada um faz seu ritual pessoal, pois quem chegava atrasado entrava no jogo e continuava enquanto os primeiros já tinham saído. A cantoria em si fica por toda aquela hora, eu acho, dando tempo para quem chegar depois poder brincar. E ela vai ficando cada vez mais empolgada, não devendo em nada para um vocalista de power metal se exibindo. Depois de vinte minutos, quando a coisa começou a parecer um solo de guitarra do Van Canto, fui embora.

No hotel, tomei um banho e, sete e meia, veio me pegar o transporte para um passeio noturno de barco pelo Bósforo que tinha reservado de manhã. Eu queria fazer um desses passeios, mas não daria tempo durante o dia. Este era anunciado como “noite turca”, prometendo tudo do mais brega possível, de dança do ventre a apresentação folclórica. Mas o preço era bom e rolaria uma janta, então lá fui eu. Justamente neste momento, a minha teoria de que jamais chove no verão Mediterrâneo veio abaixo, junto com uma bela pancada de chuva. Chegando no barco, todos restritos à parte de baixo coberta, socada de mesas arrumadas em estilo banquete. Sim, 100% brega. Comecei a achar que tinha entrado em furada.

Felizmente, tudo deu certo no fim. O jantar foi razoável e tinha cerveja liberada (e era... Skol!). Bati um papo com um inglês e uma espanhola que tinham acabado de chegar a Istambul e logo iam para a Grécia, procurando praia e fugindo da chuva (deram azar...). Depois, como a chuva parou, fugi do queijo no deck superior, onde pude satisfazer meu desejo principal no passeio, que era curtir um passeio pela Istambul noturna tomando umas geladas. A cidade fica muito bonita, pois todos os pontos turísticos são iluminados, e as pontes também são decoradas com luzes. O dono do nosso barco devia ser amigo de algum vereador, pois era só chegarmos perto delas que as luzes começavam a mudar e piscar em uns padrões malucos. Não cheguei a ver nenhuma apresentação, mas, no final, quando desci, vi um assustador subproduto do sexismo ainda predominante na Turquia: só havia macharada dançando no meio do salão, ao som de música eletrônica. Praticamente uma festa de algum curso de Engenharia. O passeio terminou meia noite e o transporte me levou de volta ao hotel. Não demorei muito para dormir, pois o café da manhã só ia até dez horas.

Meu último dia de viagem não foi nada pretensioso, mas nem queria que fosse diferente. Depois de tomar café, voltei e fiquei no hotel arrumando as coisas e bojando até a hora do check out, meio dia. Como meu transporte para o aeroporto era só as três, deixei a bagagem no hotel e saí para dar uma última caminhada e fazer render o cartão dos museus. Fui no de Arte Turca e Islâmica, que tem um acervo legal de velharias destas culturas, mas estava muito abafado dentro dele e, à essa altura, eu precisava de mais para me impressionar, então fiquei apenas uma hora ali. Em seguida, dei mais uma passada na Hagia Sofia, como bônus final e para ver algumas coisas que não tinham prestado muita atenção da primeira vez. Dali, fui para o McDonald’s, do McDonald’s ao hotel, e do hotel ao aeroporto.

A viagem seguiu sem problemas, fora o fato de que, quando escrevia isso, tinha uma criança berrando na minha frente no avião, outra chutando a cadeira atrás de mim, e uma terceira enfiando a cabeça no meu colo para ver a janelinha. Vendo o tanto de brasileiros mais velhos voltando comigo, só posso pensar como é bom poder fazer essas viagens relativamente cedo na vida, antes de chegar a uma idade em que as coisas se tornam fisicamente e psicologicamente mais complicadas, e a flexibilidade/tolerância/saco diminui.

Turquia

    Tendo ficado duas semanas quicando pela Turquia, dá para falar um pouco das impressões que tive do país e de seus habitantes. É um país que, aparentemente, está na dúvida entre ser ocidental e secular, ou oriental e religioso. No geral, é um país secular e bem europeu, mas a todo momento você vê reminiscências (ou ressurgências, já que há uma tendência conservadora recente) de uma sociedade islâmica. No Brasil, por exemplo, o estado também sofre influência da religião predominante, mas lá a coisa é bem mais forte.

As mulheres estão em todo lugar fazendo todas as coisas, de atendentes a policiais, e, em todas as instâncias comerciais e oficiais se vestem “normalmente”. Fora disso, é bem dividido entre as mulheres que usam o lenço na cabeça e roupas mais discretas e as que não usam e mostram um pouco mais (nenhuma piriguete, porém). Em Istambul vi com bastante frequência mulheres com aquela roupa negra que cobre todo o corpo, mas pouco nas outras cidades. Em média, acho até que as mulheres mostram mais pele do que os homens, que só muito raramente usam bermuda, não importa o calor. Na verdade, a maneira mais fácil de localizar um turista na Turquia é pelas bermudas ou por chinelos/sandálias.

   Sem saber muito o que esperar, nos primeiros dias economizei nas camisas de metal e deixei para lá as mais do capeta, mas depois fiquei mais de boa. Porém, percebi várias vezes olhares meio estranhos, geralmente mais de curiosidade/estranhamento do que animosidade em si. Só em um restaurante que comi em Pamukkale a coisa foi mais além, pois os garçons me olhavam com tanta intensidade que quase achei que iam tentar me converter, ou me xavecar.

    Falando em restaurante, o islamismo também esta à mesa. Não existe porco na Turquia. Nem no McDonald’s de uma cidade cosmopolita como Istambul você vai achar uma fatia de bacon no meio do sanduíche. Não é proibido nem nada, mas simplesmente não tem público para isso (e, pelo que li em uma reportagem, rola uma pressão extra-oficial contra os açougues que comercializam porcos). Bebidas alcoólicas você encontra com frequência, mas não consigo lembrar de ter visto algum grupo claramente turco tomando uma gelada em um bar ou na janta. Embora permitido, incide uma pesada taxa sobre o álcool. Só tem uma marca de cerveja comum lá, a Efes, que está em todo lugar, mas não é particularmente boa. Cerveja de barril? Raríssimo, acho que só tomei uma vez.

    Até o café, uma bebida que me parecia tão ligada à região (pô, o nome científico é Coffea arabica!), não é unanimidade. Interessante lembrar que até o café já foi proibido pelo islamismo, por ser considerado intoxicante. Já chá preto, bem forte, eles bebem o tempo todo, do café da manhã até de noite. Não é um costume tão antigo (século XIX, pelo que li), mas se tornou predominante na sociedade. Acho que ainda não falaram para eles que o chá preto tem bastante cafeína também...

    Se não bebem álcool, eles compensam no fumo. Como fumam os turcos! Me pareceu que a maioria dos homens fuma, incluindo os mais novos. Recentemente passou a ser proibido fumar em locais fechados, o que é bem respeitado em Istambul, mas no resto dos lugares nem tanto. Até os motoristas dos ônibus que peguei fumavam enquanto dirigiam. Quem acha que álcool e cigarro estão ligados, tem que dar uma passadinha lá. Cada sociedade com seus costumes, não é?

    Quem acompanhou os textos aqui, viu que eu me estrepei várias vezes por incompetência ou abuso dos turcos. Não são piores que a maioria dos brasileiros em locais como Rio de Janeiro ou Nordeste, por exemplo, sempre prontos para tirar uma vantagem dos turistas incautos. Eles não são desonestos, tenho que deixar claro. Mas são espertos. Se as coisas não estiverem bem claras, tem grande chance de você se dar mal.

E como deixar as coisas claras em um país onde, mesmo nos locais turísticos, o povo não manja de inglês? Foram realmente poucas as vezes em que encontrei garçons ou atendentes de hotel que tivessem sequer um conhecimento superficial da língua. Dificultou várias coisas e, mesmo nos casos em que a comunicação à base de gestos e palavras-chave funciona, é bem chato não poder ter uma conversa de verdade com alguém, ao ver um objeto em um museu, ou pedir mais detalhes sobre um prato no restaurante, e por aí vai. Exceção à regra é Istambul, onde, na parte turística, o pessoal geralmente fala bem inglês.

O país tem muita coisa legal para ver. Para quem curte história, é um prato cheio. Na minha opinião, é o país perfeito para se fazer aqueles mochilões longos, indo para tudo quanto é lugar sem muita preocupação com o tempo. Pois é um país barato. Comida e hospedagem são bem em conta, até nos principais pontos turísticos, e ônibus tem para todo lugar o tempo todo, com preços muito em conta (comparando ao Brasil). Com tempo limitado, se torna mais desafiador, para não se gastar muito tempo em translados, já que avião nem sempre é vantajoso. Veja a viagem que fiz de Pamukkale a Göreme, por exemplo, onde paguei 250 liras (não vou contar o Táxi do Desespero) e gastei cerca de seis a sete horas, pois todos os voos passam por Istambul ou Ancara. Por bem menos liras e dez horas, poderia ter ido de ônibus de uma vez.

A segunda viagem

    Esta viagem foi bem diferente da primeira. Na primeira vez, tudo é novo, estranho, difícil, fascinante. Um prédio velho é uma atração a ser fotografada. Uma peça mais antiga no museu é um achado a ser explorado. Uma máquina de comprar tíquete é um inimigo a ser derrotado.

    Na segunda vez, é mais fácil contextualizar e entender as coisas de uma outra forma. Nem tudo vai ser super-legal, mas você passa a reconhecer o que é super-legal e o que é só mais uma coisa (para o gosto pessoal de cada um, claro). Isso te ajuda a fugir de algumas armadilhas para turistas. Talvez se eu tivesse concluído isso mais cedo, não teria passeado de balão... Mas pelo menos não fui no Grande Bazar!

    Na primeira viagem, tudo deu muito certo. Mas é que ela foi “fácil”. Essa eu já sabia que seria mais complicada e teria mais chance de me meter em fria. Não esperava, logicamente, perder o celular ou afundar na lama. Mas ter que fazer acrobacia para ir de um lugar ao outro ou ter que abrir a mão para se virar em um momento crítico? Mais do que esperado. Na hora, essas coisas me irritaram bastante. Depois, já fica mais forte a lembrança da coisa boa à qual o estresse levou. E o logo o perrengue vira piada.

    A questão de viajar por mais lugares por mais tempo também contribui para cansar mais. Muito tempo de translado, ainda mais viajando sozinho, é foda. Mas, por outro lado, me obrigou a curtir mais intensamente cada lugar que fui. A chegar do aeroporto e já sair para fazer alguma coisa. E, convenhamos: quantas cidades existem onde dá para se gastar vários dias e ainda querer mais, em vez de já pensar na próxima? Toda cidade tem muito mais coisa para ver do que nossa vã rota turística pode imaginar, por certo. Mas, quem está turistando por outro continente, não precisa saber que aquele é o banheiro onde o fundador da cidade teve sua primeira dor de barriga. Muitas cidades tem só uma ou outra coisa interessante, mas é uma baita coisa (tipo Éfeso e Pamukkale. Eu já mandei Ancara tomar no c* hoje?). O pingue-pongue é a alternativa, nesses casos.

    Claro, sempre tem o pacotão. Mas, do alto das minhas centenas de liras gastas à toa, posso dizer: o “ir quando quiser, na hora em que quiser, pelo tempo que quiser” não tem preço. Talvez eu que seja um baita birrento que não aguenta nem acompanhar um guia turístico por meia hora. Mas ainda prefiro viajar por conta própria. Pelo menos até decidir ir para o Oriente Médio, onde eles realmente não gostam de quem usa camisa preta de banda.

Resumo do resumo

Melhor momento: Santorini.

Outros momentos de destaque: Wacken (com chuva ou sol, é o Wacken, porra!), Lübeck, Cidade Medieval de Rodes, Pamukkale, Andança pelos vales de Göreme, Museu de Arqueologia de Istambul... e por aí vai!

Pior momento: sem “menos melhor momento”, desta vez Ancara deu as caras!

Lugares para voltar logo: Grécia (enquanto não tiver conhecido todas as ilhas e todo continente – e voltado em cada um – continuo indo!), Wacken (sempre, né).

Lugares para não voltar tão cedo: as cidadezinhas pequenas que você conhece em um dia, além da Turquia como um todo (ainda falta o roteiro mais litorâneo do Egeu e do Mediterrâneo, mas consigo viver em paz por um bom tempo antes de fazê-lo).

A conta: minha estimativa razoavelmente correta deste ano é de que gastei doze barões. Ano passado foram dez. Considerando que o Euro aumentou uns 15% neste período, até me surpreendi que não tenha sido mais, por ter gasto muito mais com transporte interno (deve ter chego perto de dois mil), a gorda fatia perdida no câmbio e todos os gastos imprevistos. Mas é que a Turquia é bem barata, no fim das contas. Ao torcer o nariz ao ter que gastar acima da média, como 25 liras por um jantar, eu precisava lembrar que apenas um pouco antes estava gastando 15 euros por refeição.

Palavra final: hummmm... já tou sentindo uma coceirinha... será?

2 comentários:

Fabricio Baumgarten disse...

É isso ai primo! Show de bola sua viagem... tá rolando uma invejinha aqui...rsss
Posta logo todas as fotos no face ai pra gente ficar viajando...

vlw!

sara disse...

Redonda esta reflexão final sobre a viagem e a aventura dos últimos dias. Praticamente um RPG!Jogado ao vivo e a cores!
Só li hoje e viajei contigo!
Não tem jeito por quem foi picado pelo mosquito azul da aventura: sempre vai dar coceira...rs...rs...
mãe aventureira.